Ai, ai… hoje estou sentindo falta de gente inteligente para dialogar…
Pretensões à parte, desde criança, preferi a companhia dos livros à de alguns mortais que encontro pelo meu caminho. Além de atemporais, as folhas impressas me permitem um escapismo fictício e, de repente, em minha sala ou no meu quarto, ouço Freud falar, vejo Balzac argumentar ceticamente, rio com o Machado que poucos percebem, descubro a Adélia, fantasio com Lobato, viajo ao ler Lencastre ou Cioffi, gargalho com Simão, alucino com Sade, o marquês, ora discordo de Jabor, ora concordo com Cony, outras suspiro com Dimenstein … Às vezes, choro com Clarice, engasgo com Graciliano, renovo a esperança com João Cabral e me revolto, angustio e penso ao ler Saramago! Com Drummond no pé do ouvido(sim, eu tenho as poesias dele gravadas por ele mesmo e por outros!), suspiro amores idos, romanceio a existência e também "vomito o tédio e ódio" sobre a cidade. Assim a vida passa, e brindo com Caetano, ouço Pessoa na voz de Bethânia, Vinícius também…Gal então grita o "socorro" de Arnaldo e eu me sinto menos só.
Incrível a incompreensão… Amanhã, providência urgente: blogar com umas amigas interessantes e marcar um sério compromisso com os heróis da resistência que conheço: os humanos não massificados pela excessiva exposição à telinha ou ao Psirico. Gente que sabe que há mais que axé na Bahia, mais que sujeira no Planalto, mais que ilusão no casamento. Gente que ao menos sente, que menos arrogante se mostra, que mais busca o deleite próprio que ser tapete para as possíveis celebridades pisarem.
Alena
31/03/2006