Parati

Ah, finalmente chegaram os cds da digitalização das fotos do ano passado em Parati. Delícia que compartilho com vocês para agradar aos que não foram à FLIP:

O charme da cidade é realmente especial…

O mar, os passeios de escuna… viver Parati exige alguns dias de deleite.

 

Surpresas na baía, navegar é preciso sim!

 

Ilha do castelinho, julho de 2005.

 

O charme da cidade que quase vira uma Veneza com a maré cheia. O centro histórico de Parati é muitíssimo interessante, às vezes se tema impressão de que o tempo não passou por ali ou de que o relógio gira em outro compasso. A vida se torna muito mais fruição.

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Dica para quem está em Parati agora ou vai visitá-la:

Almoçar ou jantar todos os dias no Punto Di viño (Punto Divino) é a melhor pedida. Pode experimentar sem medo todo o cardápio. Inesquecível.

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Todas as fotos em máquina analógica, canon.

Alena Cairo. Julho de 2005.

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Pérolas e recordações

A Anna, do Terapia Zero, escreveu assim:

Pois é, esse mês só dá Jorge Amado. Homenageado na Flip, capa da Bravo, capa da Entrelivros… Goste ou não goste, não dá pra não tirar o chapéu pro baiano.

Eu lhe respondi:

Eu aprendi a tirar o meu e a sentar com ele para uma abará e uma cervejinha no largo do Rio Vermelho! (Risos) A Bahia dos becos e do povo comum de Jorge foi uma descoberta para mim, menina protegida dessas verdades pela mãe. A alma de meu pai talvez tenha se inspirado nas linhas do escritor… a baianidade dele, a vagabunda alegria de viver. Ele me mostrou a Bahia que é nossa, é de todos e era de Jorge. A Bahia da rua.  Nesse caso, meu pai foi o meu poeta.

Vale a publicação porque domingo, se ele estivesse vivo, eu lhe daria um beijo em agradecimento. Ele me tirou do mundo da hipocrisia para o qual muitos dos meus se encaminharam. Do mundo vestido de soberba e faz-de-conta, de aparências e vazios. Do mundo em que vale ter 17 cartões e talvez nenhum dinheiro ou alegria. Mostrou-me que era possível andar sem roupas a maior parte do tempo porque isso aqui é trópico, mas também ele ficava lindo em sua camisa de seda pura. Era o pai que não fôra exemplo nenhum na escola, mas que gostava de ler e era curiosíssimo, inteligente e sagaz, além de malandro pela escola da vida. Devido ao que aprendi com ele, consigo gostar de cristal e tomar com prazer uma cervejinha em copo americano, sentar no Soho ou no tamburete de uma barraquinha em ponto de acarajé. Assim é mais fácil e mais possível viver. A gente nunca anda insatisfeito e consegue sorver da vida o que há de melhor: as pessoas, as companhias, as vivências.

O soneto que não foi escrito

Mais um pouquinho de Jorge Amado, já que a FLIP começou ontem. Que arrepio é esse de pensar no show de Bethânia?

“O soneto que não foi escrito”

        ” O poeta Antônio Bruno faleceu, vítima de fulminante enfarte – o segundo em curto prazo – , a 25 de setembro de 1940. A manhã luminosa, de atmosfera límpida e temperatura amena, trouxera-lhe à memória outra manhã assim, diáfana, entrando pela clarabóia, iluminando o estúdiu parisiense, envolvendo, rósea e transparente camisola, o corpo nu da mulher adormecida. Visão digna de um soneto, pensara, mas não o escrevera pois a moça despertou e estendeu-lhe os braços.

         Ao recordar, tomou do papel e da caneta, e com sua bela caligrafia quase desenhada traçou no alto da página o que deveria ser um poema de amor: ” A Camisola de Dormir.” A lembrança tornou-se dolorosa, a saudade cruciante, ai, nunca mais! O poeta não teve tempo para um verso sequer: levou a  mão ao peito, arriou a cabeça em cima do papel, abriu vaga na Academia Brasileira.

        O  primeiro enfarte o acometera exatamente três meses antes, ao escutar, num programa de rádio, a notícia da queda de Paris.”

(Amado, Jorge. Farda Fardão Camisola de Dormir)