Tenho a maior certeza de que quem ganha ilicitamente o seu dinheiro não se incomoda com preços. Já pude observar pessoas desonestas consumindo. E qualquer trabalhador ficaria no mínimo indignado se visse o desperdício e a soberba daqueles que não sabem o que é o suor de cada dia.
Aos outros, os que trabalham para ganhar o seu salário, seja ele suficiente ou mínimo, lembro as enrascadas dos supermercados modernos. Os templos de consumo cada vez mais estrategicamente se armam para nos iludir. E vender, óbvio. Há a disposição das gôndolas e dos produtos nelas, a própria arrumação das seções, que prioriza na entrada do mercado os supérfluos e as mercadorias mais caras. Às vezes, em nome do seu orçamento, vale começar as compras pelo outro lado. Há muito o que se pensar ao fazer uma rotineira visita ao supermercado para adquirir o pão nosso.
Dizem os especialistas em economia que devemos levar sempre listinhas. Comigo até hoje não funcionaram bem. Não me eduquei para comprar assim. Tenho boa memória e – o problema – sou volitiva, então escolho no dia o que quero ou não. Um dia ainda tentarei a disciplina da lista. Nos últimos 7 anos sem mãe, acabei aprendendo a não me encher de supérfluos e a pensar se preciso realmente deste ou daquele produto. Mas não dá para não colocar na lista mexilhão e chegar aos frios, ver a qualidade e o preço bom e deixar de pensar na hora no spaghetti que aquilo ali pode virar… É muita racionalidade e o meu estômago não pensa. Deseja.
Entretanto, comecei a observar uma série de coisas, como as estratégias para lucrar mais. Que um sabão custa mais e outro menos, todo mundo sabe. Estas questões de marca e qualidade interferem no preço final do produto. Mas daí a pensar que 1kg em uma embalagem custe mais que dois pacotes de meio quilo em duas embalagens… Ora, se usamos 1 quilo de sabão no mês, a tendência é pegarmos o pacote grande e não dois pequenos. Hoje, entretanto, voltei para casa com duas caixinhas ao invés de uma grande. Foi mais barato assim e o produto era o mesmíssimo.
As maiores armadilhas que tenho visto, contudo, envolvem o famoso leve tanto e pague menos. Para ilustrar o serviço “dona de casa”, vejam o caso dos cotonetes. O produto era os da marca Johnson & Johnson. A matemática que aprendi não me permite entender : 75 cotonetes custam R$ 1,49. O pacote leve 75 e pague 60 custa R$1,55. E o pacote com 150 hastes flexíveis sai a R$3,45. Fizeram as contas do custo/benefício? Levar dois pacotinhos de 75 custa mais barato que um de 150. E a promoção é embromação. Leve 75 e pague 60? Como? Se sai mais caro que a embalagem que não é promocional? Supermercado a que fui hoje? G Barbosa do Costa Azul.
Eis a prova!