Amar é … gostar de fazer sopa sem gostar de sopa só porque o outro gosta de sopa. E pôr um pouquito no prato raso só para disfarçar e fazer-lhe companhia na mesa. É engraçado como eu aprendi isso. Então eu descobri que tenho um ‘potencial sopístico’ enorme. E que todo o amor que eu tenho precisa de alguém para que eu o distribua. Com sopa ou sem sopa. Mas não há muito homem dando sopa. Talvez muitos também já estejam de saco cheio da sopa de todo dia. Por isso vivo aprendendo a cozinhar novas delícias ( de ervilha, de sururu, de aspargos, de feijão – esta é a clássica etc.)
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Desde a minha adolescência já era moda ficar. Mas eu confesso nunca ter gostado. A gente já vai morrer como as alfaces, virar adubo, reciclável na terra que nos espera e eu ainda ter que encarar o descartável das relações? Não, meninos e meninas, sinto muito, mas eu não gosto.
Gosto de vínculos. Não brincava só quando era criança, se não havia outras crianças, eu lia. Nos livros, encontrava a companhia dos personagens. E meu cotidiano foi povoado de família cigana. Gostava de primos e primas para brincar, não de bonecas sem vida. É por isso que me chateio hoje quando cozinho para um.
Quem está sozinho, consegue uma individualidade fantástica. Falta, entretanto, alguém para ver filme junto, achar bom ou ruim depois, concordar e discordar. O contraponto existencial que nos faz realmente viver. Eremita é exceção.
Por isso, conviver, companhia, consorte, contente.