Collor, após eleito senador, dará apoio a Lula. Não. Eu não bebi. Não cheirei. Não fumei. Não sou esquizofrênica.
Dia: 2 de outubro de 2006
O período não está para vôo
Nova queda de avião no Brasil.
Conheci uma pessoa que diz sempre que há os períodos do ano para as quedas de avião. O mundo cíclico… depois, são os acidentes de trem… bom, vou evitar o ar neste mês. Também, não tenho nenhuma programação. Ao menos por enquanto.
Te espero só pra ver se você vem…
Te espero só pra ver se você vem
Não te troco nesta vida por ninguém
porque eu te amo
eu te quero bem…
O diabo veste Prada
A maior recompensa de O DIABO VESTE PRADA é, realmente, ver o esbanjamento de charme e classe de Meryl Streep, magnífica no papel de Miranda, editora de moda da revista Runway, a mais importante de NY. O filme revela os bastidores do mundo da moda. O enredo é fraquinho, cansa o espectador e faz a coluna sentir o incômodo da cadeira. Interessa a poucos e não chega a ser nem politicamente correto nem incorreto. Meio constatações de como são as coisas no mundo fashion. Anne Hathaway interpreta a recém-formada em jornalismo que consegue o seu primeiro emprego , justamente como assesssora da terrível Miranda, misto de deusa da moda e diabo de chefe.
Soube agora que o filme é uma adaptação do livro homônimo, de Lauren Weisberger. Admira-me esta obra virar best seller com tanta literatura precisando de leitores no mundo, mas vamos lá, metáforas não são mesmo para todos e o mundinho fashion das celebridades é o norte dos valores vigentes então. A autora foi assistente da editora da Vogue americana e parece que a voz d‘a vida como ela é’ acabou por apimentar mais ainda a vendagem do livro.
Mito ou realidade, se o diabo veste Prada, todos podem concluir que ele é um show de elegância. E se o diabo veste Armani, Gabbana, Dior, Valentino e o que mais do gênero, além de endinheirado – não dizem que foi ele que inventou o $$$? – o tinhoso é de muito bom gosto. O que me atraiu ao longo do enredo, que deu sono realmente, foi o mundo de faz-de-conta e a tirania das editorias. Miranda é realmente espelho de muitos editores , capazes de vender até a alma ao diabo para ter certas benesses. Uma troquinha de favores aqui, uma puxação de saco ali, e milhões de dólares gerados pela indústria da moda. É o espelho de pessoas que vivem de flashes e sorrisos, diplomáticas, mas , na verdade, toleram-se umas às outras.
Nada contra a moda, nada contra os estilistas. Aliás, os melhores momentos do filme são realmente os desfiles de modelitos. O diálogo de Miranda com a subalterna explicando-lhe sobre a cor do suéter dava uma aula de análise crítica muito boa. Aliás, o clímax do filme para mim. A secretária de Miranda entra no manequim do papel. Ótimo pensar que a moda crucifica quem veste 40. Acima disso, nem existe! Paradoxo é ver a própria Miranda exibir com elegância quilos a mais e a mais e a mais do que o restrito padrão de 34 a 38. Quem tem um pouco de massa encefálica, entende a crítica que perpassa levemente satírica o enredo. Os demais? Deslumbra-se-ão e considerarão a heroína Andrea tola.
Paris em flashes vale a pena: dá para quem a conhece sentir o frio gostoso da saudade. Mas o final, diante do desenrolar dos fatos: pouco provável. Sem contar no editor que paquera Andrea… tsc tsc tsc… personagem mais improvável impossível. A relação de Andrea com o love também … tsc tsc tsc…
Bom, só para não dizer que não falei dela, Gisele Bündchen faz uma mini ponta no filme. Bela como sempre, mas nada que chegue a lhe dar algum sal a ponto de a considerarmos como algo mais que uma figurante. Foi ela, mas poderia ter sido qualquer outra ali.
É inútil o filme? Não. Mas também não chega a ser bom.
Cegueira
Por que será que as pessoas que mais falam em religião são as que menos professam os seus preceitos? Que eu saiba, a maioria das religiões professa os mesmos valores: tolerância, perdão, compaixão, amizade, AMOR. Então não é um paradoxo que haja tanto ‘ministro de deus e do espírito” INCAPAZ de ao menos ouvir o outro?
São sempre cheios de certezas e a certeza é um absolutismo que leva à intolerância. O dogma das razões religiosas conduz à soberba. Os que se acham certos, os que se consideram infalíveis… Os donos da verdade e da ‘palavra’.
As pessoas que geralmente vivem a falar em deus ( aquele lá que colocam com letra maiúscula e tudo, senão é “desrespeito”) são as menos propensas, muitas vezes , ao Amor. Tem até uma religião que fala que deus é amor. Mas AMOR pressupõe tolerância, perdão, compaixão, amizade.
Se Deus existir, creio que reprova o egoísmo. A intolerância. A grosseria. A estupidez. O espezinhamento do outro. O sadismo.
Encontrei pela vida umas pessoas boas. Elas tinham amor no coração. Delicadeza nos gestos. Compreensão nas atitudes. Paciência como virtude. E sabiam ouvir, com os olhos e os ouvidos.
Eu não acredito em religião. Para ser sincera, gosto das mais tribais, panteístas. E faço delas uma miscelânea: um pouco de cada ensinamento.
Eu acredito é nas pessoas. E sei que há boas e más pessoas no mundo. Não da forma assim, divididinha, os bons de um lado e os maus de outro. Creio que há bondade e maldade em todos nós. Mas sei que somos dotados de passionalidade, impulso e razão. Por isso, alguns conduzem melhor sua vida.
A minha máxima “religiosa” li em A Insustentável Leveza do Ser, de Milan Kundera, quando eu tinha 14 ou 18 anos : “Toda paixão pelo extremismo é um desejo de morte disfarçado.”
Citações
“Apenas as pessoas podem participar no amor. Todavia, não o encontram já pronto e preparado em si próprias. Se uma pessoa permitir que a sua mente, os seus hábitos e as suas atitudes se impregnem de desejos sexuais não encaminhados para um amor pleno, resultará que pouco a pouco se vá deteriorando a sua capacidade de amar verdadeiramente, e estará permitindo que se perca um dos tesouros mais preciosos que todo o homem pode possuir.
Se não se esforçar por retificar esse erro, o egoísmo far-se-á cada vez mais dono da sua imaginação, da sua memória, dos seus sentimentos, dos seus desejos, e a sua mente ir-se-á enchendo de um modo egoísta de viver o sexo.
Tenderá a ver o outro de um modo interesseiro, apreciará acima de tudo os valores sensuais ou sexuais dessa pessoa e fixar-se-á muito menos na sua inteligência, nas suas virtudes, no seu caráter ou nos seus sentimentos. O despertar do prazer erótico antes do tempo costuma ocultar a necessidade de criar uma amizade profunda e pura. Aliás, uma relação baseada apenas numa atração sensual, tende a ser flutuante pela sua própria natureza, e é fácil que em pouco tempo – ao desvanecer-se esse atrativo – acabe em decepção, ou até numa reação emotiva negativa, de antipatia e desafeto.”
Alfonso Aguiló