“Apenas as pessoas podem participar no amor. Todavia, não o encontram já pronto e preparado em si próprias. Se uma pessoa permitir que a sua mente, os seus hábitos e as suas atitudes se impregnem de desejos sexuais não encaminhados para um amor pleno, resultará que pouco a pouco se vá deteriorando a sua capacidade de amar verdadeiramente, e estará permitindo que se perca um dos tesouros mais preciosos que todo o homem pode possuir.
Se não se esforçar por retificar esse erro, o egoísmo far-se-á cada vez mais dono da sua imaginação, da sua memória, dos seus sentimentos, dos seus desejos, e a sua mente ir-se-á enchendo de um modo egoísta de viver o sexo.
Tenderá a ver o outro de um modo interesseiro, apreciará acima de tudo os valores sensuais ou sexuais dessa pessoa e fixar-se-á muito menos na sua inteligência, nas suas virtudes, no seu caráter ou nos seus sentimentos. O despertar do prazer erótico antes do tempo costuma ocultar a necessidade de criar uma amizade profunda e pura. Aliás, uma relação baseada apenas numa atração sensual, tende a ser flutuante pela sua própria natureza, e é fácil que em pouco tempo – ao desvanecer-se esse atrativo – acabe em decepção, ou até numa reação emotiva negativa, de antipatia e desafeto.”
Alfonso Aguiló