Quando eu era pequenina, lembro que fui à Fonte Nova protegida por um gigante. Lembro a arquibancada suja, a camisa suada que ele tirou e com a qual forrou o chão para que eu me sentasse. Era a sua princesa.
Era apenas uma garotinha (quem sabe ainda sou?) e dormi no seu colo. O time fez gol e foi inevitável acordar assustada para depois pular de alegria com o estádio inteiro gritando: goooooooooollllllllllll!!!! Ele me jogou para o alto! Eu vestia a camiseta tricolor, bem pequenininha. Meu pai usava um chapéu guarda-sol esquisito das cores do time.
Eu aprendi a cantar o hino e a ser Baêa, Baêa, Baêa!!! Lembro que a gente ia passear todo domingo à tarde por Salvador. Da Ribeira ao Abaeté. Era uma maravilha: pai, mãe e filhas. Três pirulitas no carro, brincando e rindo. O problema era a chatice de quando começava o jogo. Ele não fazia objeção a passearmos, mas tínhamos que vadiar pela cidade com o toca-fitas na freqüência AM e os narradores naquele abaranarababororrorarnooodetrrammpijjuouorerar e… é gooooooooooooooooooooooool!
O martírio só acabava depois de duas horas. E se o time perdesse… sai de baixo mau humor! Voltávamos para casa. Eu rezava para nunca ter jogo só para não ter que ouvir no carro aqueles malucos que falavam tão rápido. E aprendi a pedir para voltar mais cedo para casa, assim eu ia ver a Porta da Esperança de Silvio Santos enquanto ele ficava lá, colado no radinho, esperando o time vencer.
Hoje foi diferente. Peguei meu radinho de pilhas (sim, eu tenho um há 17 anos que ainda funciona!), liguei-o junto ao pc e fiquei minhas duas horas aqui, ansiosa, esperando o time jogar.
E pulei, gritei sozinha gooooooooooooooool duas vezes. Liguei para minha avó, a mãe dele, e ficamos juntas torcendo pelo Bahia em homenagem ao meu pai que se foi.
É um amor tão grande que simplesmente me encheu de ternura.
E eu tenho certeza que de onde ele está deve ter sentindo um orgulho danado
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🙂
Que herança feliz!
Deve ser bom poder se lembrar dele com alegria. Tem gente que só consegue lembrar chorando.
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Faz é uma falta danada!
Emocionante !!! Que delicia poder lembrar de momentos tão bons das que amamos.
bjus
Ai que bonito Alena…Saudade dói, mas é um sentimento bom. Ainda mais uma saudade de alguém que parece ter sido tão especial. Beijos
Lindo, lindo, lindo…é só o que eu posso dizer no momento.
Fiquei emocionada.
Beijos