Hoje é sábado. Portanto, vou ao salão. Não é assim? Três horas. Destas, uma e meia gasta no vaporzinho e na massagem capilar. Reestruturação. Disseram que era necessário. Antes, chamavam de massagem. Mas reestruturar é mais caro.
Eu queria ficar linda para amenizar a semana que tive e o estresse das espinhas temporãs, retardadas, muito-muito-pós-adolescentes que teimam em invadir as minhas bochechas salientes apesar da idade, do tratamento, do antibiótico e dos trezentos cremes que tenho que passar além do protetor solar..
Unha pintada, sobrancelha depilada, cabelo R-E-E-S-T-R-U-T-U-R-A-D-O e conta vazia. Volto para casa com um sono enorme e um rombo (necessário) (!?) no orçamento. Lancho um sanduíche emergencial e aguardo o lovestory sair do trabalho para fazermos algo no sabadão baiano. Shopping, caranguejo, cinema, lambreta… sei lá.
14h.
– Alô, amor?
– Oi…
– E aí? Vamos à praia?
_ Não está tarde, não?
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Fui.
Meu cabelo reestruturado tomou sol, salitre e vento. Meu cabelo reestruturado tomou cerveja, cheirou a dendê e acarajé com abará. Meu cabelo reestruturado tomou muito banho de mar às 16 horas no sol morninho de fim de tarde. Mais de 21 mergulhos como manda a superstição.
Meu cabelo ex-reestruturado voltou para casa tarde, desgrenhado, assanhado, desalinhado, amarrado com uma piranha qualquer… mas muito, muito feliz. Acho que o meu cabelo é assim mesmo: livre dos salões e das convenções.