Três horas num salão de ‘beleza’ para deixar as unhas, a sobrancelha, os pelinhos ‘indesejáveis’ e as madeixas conforme exige o figurino neste palco que é a vida urbana, sinceramente, são um tempo para mim longo demais…
Aproveito sempre para ler (?!) as futilidades do mundo ‘celebrity’, que, se não fosse a coleção vastíssima de literatura acerca do quem-trepa-com-quem-agora de que dispõe o salão, eu não saberia jamais. São as revistas que me dizem quem está in ou out, quem é bonito e gostoso, bela e perfeita. Há anos minha pobre opinião não conta (será que algum dia contou?).
Enquanto isso, divago olhando as mulheres com uns troços metálicos na cabeça, umas tintas mal cheirosas, as mãos entregues à manicure, os pés suspensos no joelho da pedicure. Sai fumaça de túneis de reestruturação, massagem capilar… entretanto ‘faz bem’ o vapor. E ‘viajo’ descobrindo os loiros naturalmente inventados, as negras ruivas, os cachos ‘japoneses’ forjados e os lisos impossíveis outrora.
Acho graça toda vez que olho as unhas e penso-as como cascos. Imagino a natureza como uma grande fábula e, nas cadeiras que transformam, projeto as velhas tartarugas a pintá-las de rosa, renda, misturinha ou rebu; os dinossauros fazendo as cutículas; os símios depilados apesar de muitos ais; os cogumelos orgulhosos a escovar o cabelo de capacete…
Juro, juro que é nestas coisas que eu penso quando vou ao salão.
Ahhh, nem eu sei o que passa pela minha cabeça quando dou o raro ar da graça em salões. Sei lá. Fico meio alienígena.
Beijão!!!!
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Na sua cabeça, deve ao menos passar com certeza uma escova, as mãos do caleleiro (risos).
😀