Coisa linda de se ver

Eu não vou nem dizer que tive um dia de cão, peguei três engarrafamentos monstruosos, fiquei quatro horas dentro do carro, corri para lá e para cá como uma louca, escrevi um projeto de pesquisa, abeenetei a bibliografia, corrigi dois milhões de provas, passei notas e notas e notas e notas para a caderneta, fiz continhas e mais continhas e mais continhas e mais continhas, tirei médias médias e medianas, não revisei um trocinho que me fez imprimir quarenta e cinco folhas duas vezes, o papel acabou, f*di minha coluna na cadeira do pc e no excesso de horas em que fiquei no carro, cheguei atrasada a todos os lugares, o gás acabou na hora do almoço, bem na horinha de pôr a panela no fogo, um pacote de penne estava cheio de bichinhos, a empregada faltou, o pai dela está mal, os copos estão na pia até agora, as panelas estão na pia entulhadas, os garfos estão todos sujos, vários pratos também, o liqüidificador está com vitamina grudada desde de manhã, o nescau acabou, a cama ficou sem forrar, o sanitário sem lavar, a roupa no varal, eu não fui à academia, dei aulas ainda à noite até às 22h40 (ainda passei 5 minutos do horário oficial), ouvi na rádio o meu time sofrer um empate aos 44 do segundo tempo, minha irmã não quis comer às 23h churrasquinho comigo, portanto eu não comi churrasquinho, nem um japonesinho, nada que aplacasse a minha gula estressada …

não, eu não vou falar nada disso porque , quando eu cheguei em casa toda estropiada no final deste resto de dia das bruxas,  vi que o meu girassol deu três brotinhos e as novas flores começaram a se abrir agorinha. Coisa linda de se ver.

E eu estou rindo à toa.

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Times

Quando o seu time fica empatando eternamente (podendo ganhar), você fica com a ligeira impressão de que foi o ‘tal profissionalismo’ que destruiu o futebol de vez: dinheiro, e não paixão, importa. Estes homens não amam o que fazem, a camisa que vestem, mas suas contas bancárias – salvo as exceções existentes, claro. Portanto…

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Ah, hummmm … tá ! Os próximos sete anos só se fala em copa do mundo. E viva o monotema!

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Não vou nem dizer que eu li que a Bahia vai construir um estádio que possivelmente se chamará Arena.

Mais pão e circo.

Não vou nem perguntar para que se temos a Fonte Nova onde cabem mais de 60.000 pessoas (correção necessária: a Fonte Nova precisará ser implodida).

Não vou nem refletir sobre o fato da projeção de no Arena caberem menos de 50.000 .

Não vou nem falar mais nada que o macaco já falou: “nós sofre, mas nós goza”.

Diálogos impossíveis

– Amor, bom dia!

– Olha, meu médico foi assaltado no estacionamento do banco… Com revólver e  tudo.

– É… a coisa tá feia.

– Tenha cuidado, você que vive na rua… Uma amiga minha também foi assaltada andando na rua durante o dia…

– Não, amor, eu vivo em casa. Quase não saio.

– Sai sim.

– Para trabalhar, para o básico, vez ou outra para me divertir…

– Eu só vejo você na rua, saindo todo dia, indo para boate e tal…

– Amor, eu saio pouco, eu vivo em casa praticamente.

– Ah, tá, tá, eu estou aqui tendo cuidado com você e você fica aí replicando? Então tomara que seja assaltada!

Provas

Nem os professores merecem corrigir tantas provas!  Tenho certeza de que quem pensou na educação e na profissão de professor não fazia contas de quantas turmas teria que ter para ganhar um dinheirinho que desse para o mínimo de sua sobrevivência (ficar rico? Rá). Multiplicadas as provas e a quantidade de páginas, o  volume de trabalho é simplesmente enlouquecedor.

Eide

Como eu ia dizendo no post anterior, acabei parando num blog de uma amiga da Soll e vi um vídeo do you tube que dissipou a urucubaca que me haviam jogado. Quando eu era pequenininha, com uns quatro anos, minha mãe engravidou de novo. Ia nascer minha segunda irmã. Naquele tempo, 1979, eu adorava este desenho animado que passava apenas no SBT. Não perdia um.

O nascimento de um bebê, quando a gente tem cinco anos, significa algo muito legal: nossa boneca vai virar gente! Minha mãe, preocupada com o que fazer com duas crianças e mais um bebê, tratou logo de comprar o lançamento da estrela, no dia 30 de setembro de 1980. Saí das Lojas Americanas feliz da vida carregando uma caixa do meu tamanho: era o meu bebê (aquele maiorzão -minha família – graças – é toda hiperbólica!).

 Além de ser lindinha a boneca,vinha com uma chupeta (com que eu passava o dia na boca e olha que eu própria não chupava bico quando neném) e tinha um cheirinho delicioso de talco, o que nos fazia passar o dia cheirando a cabecinha dela. O nome da nossa bebê era Michelle. Grafado assim. A gente mesmo que inventou, mas a certidão só nasceu anos mais tarde, lóógico.   

Tudo que minha mãe fazia, eu e Ilana imitávamos. Assim aprendi a colocar fraldas de pano.  Ilana era menor, tinha três anos e minha mãe a tapeava, dando-lhe uma boneca menor para ela cuidar. O meu bebê era todo meus cuidados. É claro que eu cortei o chumacinho de cabelo – esperando que naturalmente crescesse depois, é claro que eu risquei as perninhas da boneca e do bebê – para limpar com os produtos da J&J, é claro que eu enfiei muitos cotonetes no ouvido da boneca e dei banho no corpinho de pano que ficou pendurado no sol depois porque não podia molhar!

Então minha mãe nos ensinou que poderíamos lavar as roupinhas e … era uma vez as roupinhas de todas as bonecas que viviam nuas para eu lavá-las (criança tem cada uma!).

Lembro que uma vez eu gastei um frasco inteirinho de higiapele na boneca meu bebê, limpei as pernas, o rosto e tudo mais a que tinha direito. Minha mãe ficou brava – dinheiro não era lá coisa para se desperdiçar – mas achou graça. Coisa que só as mães sabem fazer tão bem.

O fato é que minha mãe esperava pela terceira vez um menino, mas novamente veio uma menina e estava sem nome – porque ela escolhera o nome do garoto. Aí então, eu, falante que só, pedi a ela que colocasse o nome Eide (aportuguesou), que era o nome da bonequinha do desenho e que na época eu achava a coisa mais fofinha do mundo. Revi hoje no you tube a animação  e me lembrei de que era exatamente isto que eu queria que a minha irmãzinha fosse: uma menininha linda, leve, alegre e feliz, muito feliz.  

E foi assim que nasceu o nome de minha irmã caçula.

Bibliomancia ou conselho de orkut

Eu estava navegando no blog da minha amiga Soll e acabei parando em outro blog por causa de uma mensagem que ela deixou no meu orkut. Era para abrir um livro que estivesse perto sem escolher a obra, na página 161, e copiar a quinta frase completa que eu encontrasse. Já havia feito isto à tarde, porque fui visitar o blog de Guigo, que comentou aqui.

A minha frase foi: “LEVANTOU A ALAVANCA DA MÁQUINA PARA CIMA”, do Minimanual compacto de redação e estilo (não fraudei, peguei mesmo o primeiro livro) . Por coincidência ou mistérios ocultos da bibliomancia, eu li o que estava pensando em fazer: levantar a alavanca da minha máquina para cima.  Ando estressada e meio sem vontade de fazer um monte de coisas. Acho que é muita saudade da vida peregrina que eu tinha, sem âncora em Salvador.

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😀 Ahahahaha… 😀 a leitura do meme e a procura da frase aconteceram logo depois de eu postar que atingi 33,3 % da minha meta. Achei engraçada a frase no fim das contas.

Amar se aprende

 Eu sou a primeira a fazer parte do time do descrédito nas instituições sociais tal qual estavam concebidas e o casamento é uma delas. É necessária uma renovação de paradigmas, de formas de ver o mundo e também de associar-se. Na minha família, as pessoas eram casadas para sempre até que a morte as separasse amém.

Eu não creio neste ‘modelo’ de amor, nem creio que seja realmente amor,  especialmente porque vi gente infeliz amargar a tortura de estar com um outro que não o (a) respeita ou admira. Vi gente manter casamentos  cujo dia-a-dia se pautava em agressões mútuas, em depreciações da pessoa e de suas competências. Tenho pensado muito nisso e na força negativa que tem o efeito  de palavras cotidianas que visam a derrubar o outro e no quanto alguns são infelizes assim para sempre, abdicando de seus próprios quereres e de seus anseios mais bonitos em nome da manutenção de um status quo que aparentemente tenta proteger os filhos. De quê? Filhos que crescerão protegidos da separação dos pais e não terão a chance de ver um amor que realmente valha? De ver a mãe sorrir verdadeiramente ou de ver o pai mais leve, feliz, desejando realmente retornar à sua casa ainda que esta não seja a dos filhos e da mãe?

Por outro lado, quando estou no clã da minha família, sinto-me no meio de um grande acampamento cigano. Todos que chegamos, parentes, agregados, aderentes e transeuntes sentimo-nos lá pertencentes, como se todos ciganos também o fôssemos. É. É um tal de pertencimento que nos chega, que nos acolhe  e nos faz sentir parte de uma coisa maior, de uma grande família, talvez metáfora da família humana. O pessoal de Feira passa este aconchego. Quem os conhece sabe que não estou inventando.

No último fim de semana, tive a oportunidade de ver a hiperbólica festa de Igor e Paloma, dois meninos que se uniram por amor, por gostar, por acreditar em uma parceria de companheirismo e em laços de união, de sentimento. Confesso que fico sempre feliz. Havia  cerca de 800 pessoas. Tudo que se bebeu e se consumiu soma quantias e quantidades astronômicas. A festa durou até 5h da matina. E eles estavam lá, alegres, felizes, sorridentes, entre fotos e pessoas que deles tanto gostavam.

É nestas horas que repenso o que penso. Hoje ninguém mais é obrigado a casar. Nem grávida se estiver (risos). E este não foi o caso. A livre e espontânea vontade que os uniu foi preponderante. Eles juntos acreditam na força da família, na força da união e simbolicamente resolveram ficar juntos para “sempre”, lembrando mesmo na festa que o para sempre é o “eterno enquanto dure” a felicidade.

Confesso que gostei. Confesso que fiquei feliz e curti a noite muito. Semana que vem, vou a outro. O cupido anda por aqui pela Bahia. Vamos ver se a sensação se repete. No mínimo, ganharei uma coleção de fotos de bolos. Não estão bonitinhos?

O meu recado para eles é só um: meninos, amar se aprende mesmo é amando.