Eu preciso do meu time campeão

Às vezes, falta só um minuto de uma prorrogação impensável, os corações estão todos saltando pela boca, parte grande da torcida desiludida começa a abandonar o estádio, outros ainda esperançosos torcem nervosamente por um milagre não se sabe de que céu cairá, preparador ansioso pensando em todo o trabalho a escorrer pelo ralo, técnico angustiado com o placar, jogadores a correr e buscar nos últimos instantes a bola na rede… Ouvidos colados no radinho de pilha, velhinhas fazem reza para todas as nossas senhoras, crianças tricolores com uma decepção de dar dó, unhas roídas e cervejas espalhadas desoladamente entre mulheres que tremem a pensar no desemprego dos esposos… A pressão dos comentaristas rasga a vã esperança de uns heróis frágeis que insistem em acreditar que a jogada ocorrerá.

A voz do locutor se atropela, ganha um clima de gradação crescente, quase ninguém espera mais, uns ajoelhados pedem por favor aos santos, orixás e amuletos… e de repente a jogada se arma, os olhos se arregalam, o coração vai a mil, a adrenalina sobe e ela entra redondinha no gol, no gol, no goooooooooooooooooooool!

Um a zero miraculoso, classificação aos 50 minutos do segundo tempo e um estádio inteiro a gritar, pular, sorrir… abraços, lágrimas e uma festa de explodir a torcida. Na agonia, quatro torcedores sofrem do coração e a equipe médica precisa socorrê-los. É o futebol, é o futebol, é o futebol.

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