Eu sou a primeira a fazer parte do time do descrédito nas instituições sociais tal qual estavam concebidas e o casamento é uma delas. É necessária uma renovação de paradigmas, de formas de ver o mundo e também de associar-se. Na minha família, as pessoas eram casadas para sempre até que a morte as separasse amém.
Eu não creio neste ‘modelo’ de amor, nem creio que seja realmente amor, especialmente porque vi gente infeliz amargar a tortura de estar com um outro que não o (a) respeita ou admira. Vi gente manter casamentos cujo dia-a-dia se pautava em agressões mútuas, em depreciações da pessoa e de suas competências. Tenho pensado muito nisso e na força negativa que tem o efeito de palavras cotidianas que visam a derrubar o outro e no quanto alguns são infelizes assim para sempre, abdicando de seus próprios quereres e de seus anseios mais bonitos em nome da manutenção de um status quo que aparentemente tenta proteger os filhos. De quê? Filhos que crescerão protegidos da separação dos pais e não terão a chance de ver um amor que realmente valha? De ver a mãe sorrir verdadeiramente ou de ver o pai mais leve, feliz, desejando realmente retornar à sua casa ainda que esta não seja a dos filhos e da mãe?
Por outro lado, quando estou no clã da minha família, sinto-me no meio de um grande acampamento cigano. Todos que chegamos, parentes, agregados, aderentes e transeuntes sentimo-nos lá pertencentes, como se todos ciganos também o fôssemos. É. É um tal de pertencimento que nos chega, que nos acolhe e nos faz sentir parte de uma coisa maior, de uma grande família, talvez metáfora da família humana. O pessoal de Feira passa este aconchego. Quem os conhece sabe que não estou inventando.
No último fim de semana, tive a oportunidade de ver a hiperbólica festa de Igor e Paloma, dois meninos que se uniram por amor, por gostar, por acreditar em uma parceria de companheirismo e em laços de união, de sentimento. Confesso que fico sempre feliz. Havia cerca de 800 pessoas. Tudo que se bebeu e se consumiu soma quantias e quantidades astronômicas. A festa durou até 5h da matina. E eles estavam lá, alegres, felizes, sorridentes, entre fotos e pessoas que deles tanto gostavam.
É nestas horas que repenso o que penso. Hoje ninguém mais é obrigado a casar. Nem grávida se estiver (risos). E este não foi o caso. A livre e espontânea vontade que os uniu foi preponderante. Eles juntos acreditam na força da família, na força da união e simbolicamente resolveram ficar juntos para “sempre”, lembrando mesmo na festa que o para sempre é o “eterno enquanto dure” a felicidade.
Confesso que gostei. Confesso que fiquei feliz e curti a noite muito. Semana que vem, vou a outro. O cupido anda por aqui pela Bahia. Vamos ver se a sensação se repete. No mínimo, ganharei uma coleção de fotos de bolos. Não estão bonitinhos?
O meu recado para eles é só um: meninos, amar se aprende mesmo é amando.
Alena,
Em janeiro fiz 40 anos de casada. Nesses anos todos fui feliz,infeliz, ri, chorei, briguei, mas em nenhum momento fui, e nem sou contra o casamento.
O casamento não é uma instituição falida, o que ocorre atualmente é que o estão banalizando
Bjs
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Talvez, Maria Helena, eu não tenha me expressado com a clareza que deveria. Eu não sou contra o casamento, mas penso que alguns rituais relacionados ao casamento não fazem sentido, como , por exemplo, a soberania ainda do casamento católico na Igreja, mesmo com tanta gente não católica praticando-o. Família é algo maravilhoso, casais são para estar junto. Eu creio no relacionamento, ainda que ele não seja sacramentado. Meus avós maternos foram casados por mais de 50 anos. E foram felizes, infelizes, alegres etc etc etc … Ambos crêem que valeu a pena. Meus pais foram casados até o fim da vida. Mas não considero realmente que ele é indissolúvel nem amarra para sempre amém. Se não der certo, que o casal se separe e busque a felicidade de outro jeito.
Beijo
Alena
Alena, gostei tanto do seu comentário lá no meu blog, fiquei tão feliz 🙂
Olha só, lindo isso de amar só se aprende amando. O Gaiarsa foi um grande salvador na minha vida, quando ele falou que talvez, lá pelos 60 anjos a gente aprenda a ser mãe, a ser esposa, marido, filho…Com sorte. E não é? Porque formulinha de revista tem em qq banca na esquina né? Beijão.
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Você é maravilhosa, merece tudo de bom!!!
Alena,
Entendí bem, o que vc pensa sobre o casamento, porque a minha filha Vivien(casa da mãe Joana)pensa exatamente desta forma. Desde criança falava que não casaria na igreja. Depois entendeu porque, não achava legal a cerimônia. A noiva… vestida enrolada em fitas, era presenteada, e passada das mãos do pai para o marido. E realmente não casou na igreja, a cerimônia do civil foi na minha casa, e não se arrependeu.
Bjs