Como eu ia dizendo no post anterior, acabei parando num blog de uma amiga da Soll e vi um vídeo do you tube que dissipou a urucubaca que me haviam jogado. Quando eu era pequenininha, com uns quatro anos, minha mãe engravidou de novo. Ia nascer minha segunda irmã. Naquele tempo, 1979, eu adorava este desenho animado que passava apenas no SBT. Não perdia um.
O nascimento de um bebê, quando a gente tem cinco anos, significa algo muito legal: nossa boneca vai virar gente! Minha mãe, preocupada com o que fazer com duas crianças e mais um bebê, tratou logo de comprar o lançamento da estrela, no dia 30 de setembro de 1980. Saí das Lojas Americanas feliz da vida carregando uma caixa do meu tamanho: era o meu bebê (aquele maiorzão -minha família – graças – é toda hiperbólica!).
Além de ser lindinha a boneca,vinha com uma chupeta (com que eu passava o dia na boca e olha que eu própria não chupava bico quando neném) e tinha um cheirinho delicioso de talco, o que nos fazia passar o dia cheirando a cabecinha dela. O nome da nossa bebê era Michelle. Grafado assim. A gente mesmo que inventou, mas a certidão só nasceu anos mais tarde, lóógico.
Tudo que minha mãe fazia, eu e Ilana imitávamos. Assim aprendi a colocar fraldas de pano. Ilana era menor, tinha três anos e minha mãe a tapeava, dando-lhe uma boneca menor para ela cuidar. O meu bebê era todo meus cuidados. É claro que eu cortei o chumacinho de cabelo – esperando que naturalmente crescesse depois, é claro que eu risquei as perninhas da boneca e do bebê – para limpar com os produtos da J&J, é claro que eu enfiei muitos cotonetes no ouvido da boneca e dei banho no corpinho de pano que ficou pendurado no sol depois porque não podia molhar!
Então minha mãe nos ensinou que poderíamos lavar as roupinhas e … era uma vez as roupinhas de todas as bonecas que viviam nuas para eu lavá-las (criança tem cada uma!).
Lembro que uma vez eu gastei um frasco inteirinho de higiapele na boneca meu bebê, limpei as pernas, o rosto e tudo mais a que tinha direito. Minha mãe ficou brava – dinheiro não era lá coisa para se desperdiçar – mas achou graça. Coisa que só as mães sabem fazer tão bem.
O fato é que minha mãe esperava pela terceira vez um menino, mas novamente veio uma menina e estava sem nome – porque ela escolhera o nome do garoto. Aí então, eu, falante que só, pedi a ela que colocasse o nome Eide (aportuguesou), que era o nome da bonequinha do desenho e que na época eu achava a coisa mais fofinha do mundo. Revi hoje no you tube a animação e me lembrei de que era exatamente isto que eu queria que a minha irmãzinha fosse: uma menininha linda, leve, alegre e feliz, muito feliz.
E foi assim que nasceu o nome de minha irmã caçula.