Quando você constata que é mais fácil jogar fora antigas cartas de amor que doar seus livros… tem que tomar uma séria providência: ou muda de casa e faz uma biblioteca gigante ou … ?
Não consigo pensar na opção.
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Separei alguns livros para doar (e eu faço isso sempre), mas todos os anos minha estante vai ficando mais gorda.
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Há sete anos, decidi que cinco estantes virariam três. E era uma vez mais de trezentos livros que doei para uma universidade particular de Salvador. Neste ano, fui à Universidade Federal com a mala de um corsa sedan(leia-se enoooorme mala) abarrotada de livros do curso de Letras. A funcionária me mandou listar todos e fazer a catalogação senão ela não aceitaria a doação porque daria muito trabalho a ela. (?!?!?!?) Percebeu o que eu fiz, né?
Na época, não tinha blog e os jornais de Salvador eram (continuam) fraquíssimos. Rumei para a particular e fui recebida com cadeira, cafezinho, diversos homens para carregar as obras que foram devidamente acondicionadas na biblioteca. Recebi uma carta de agradecimento e muitas mesuras. Certamente, muitos estudantes de Letras puderam folheá-los.
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Não gosto de vender os livros em sebos. Sempre pagam muito menos do que valem. Mesmo que seja uma cópia velha de alguma adaptação de Cervantes para a 5a série, não consigo imaginar que me pagarão R$10,00 ou R$1,00 por ele. É uma afronta. Como se dissesse: isso não vale nada. Para mim, Literatura não tem preço. Então, prefiro doar. De graça combina mais com a questão da arte: a arte que não tem preço e é atemporal. A arte da palavra.
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Todos os anos, desde então, costumo recolher muitos livros [de editoras, mais os que ganho para analisar (e não gosto) junto aos que já vão perdendo lugar no meu dia-a-dia (tipo os juvenis que são adotados nas escolas no ensino fundamental) ] e fazer as doações de caixas e mais caixas para bibliotecas de localidades carentes.
Sei lá: é aquela vontade de que mais crianças e adolescentes se sintam apegados como eu.
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Há cinco anos, decidi que três estantes virariam duas. E fiquei com duas e meia por todo este tempo. Agora quero uma e meia. Mas não consigo emagrecer de jeito nenhum as benditas.
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Não há como a gente se desapegar do amor ao livro. É por isso que, mesmo lendo muitos e-books e guardando arquivos gigantes em meu pc, eu não acredito no fim do livro impresso. Não para a minha geração.
Detalhe: toda vez que eu emagreço a estante é para convidar as novas obras a entrarem em minha vida.
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Detalhe 2: tanta reclamação e eu aqui já fazendo a listinha de Natal dos livros que quero ganhar e daqueles que vou comprar sem falta.
🙂