Depois eu comento isso aqui.
Mês: fevereiro 2008
Como jogar coisas fora
… ou limpando a vida sem dó… Ou convencendo a mim mesma.
Como jogar fora tanta coisa que acumulamos nas nossas últimas décadas de vida? Tudo parece estar aqui e aí por causa de uma importância que teve ou porque meus (seus) impulsos consumistas foram insanos vez ou outra.
Para jogar papéis fora, pense no benefício que fará ao pessoal da oficina de reciclagem doando tantos sacos de papéis. Quanto aos arquivos de trabalho do passado, ora, sua cabeça é boa e é capaz de produzir novas e melhores apostilas. Quanto às cartas de ex, papéis de viagem e etc., tudo faz parte do passado e você não é, afinal de contas, o Museu do Cairo.
Se quer mesmo uma vida nova, lembre-se de que novos papéis precisam ser assumidos e para isso os velhos devem sair de cena.
Ainda sobre papéis, pense que, se houvesse um incêndio, tudo iria se queimar mesmo…
Mais um argumento para jogar a papelada fora: seu bebê pode ter alergia a tanta poeira.
Para doar as miniaturas que para nada servem na sua casa, aqueles enfeites inúteis, pense que não vão combinar com sua casa nova e que o bebê poderá engolí-los. Rapidinho, vai tudo para o saco de doação. Sem falar que vai fazer a alegria de muita gente.
Quanto às roupas, há quanto tempo mesmo não usa aquela saia de cintura alta? E aquele sapato esquisito que você tem há quase uma década? Tsc tsc… E a blusa apertada que nem cabe mais em você? Guarde numa mala o que realmente pretender usar após a gravidez e uh-lá-lá… use apenas as roupas de grávida por enquanto. Aproveite que são soltinhas e não fazem calor. Seus mega-saltos podem também ir para a mala porque você não se equilibrará mesmo com a barrigona e o salto.
Gestando reflexões
Serei legisladora e darei à mulher o direito de gestar em casa sem fazer absolutamente nada por dois anos. Durante os nove meses, ela terá um cartão corporativo para fazer comprinhas todas as tardes e organizar sua nova vida, à espera do seu bebê.
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Sorte de hoje no orkut (juro! ahahaha):
“Você vai ganhar roupas novas”.
Dei muita risada, as coisas estão apertadas por aqui. Já coloquei na mala TODAS as minhas roupas ‘normais’, todas as calças jeans, todos os casacos, todas as blusas e camisolas. Nada mais entra. A não ser a coleção de calças legging e as batinhas da moda que me salvaram das horríveis roupas que ainda vendem nas lojas para gestantes.
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O melhor da aula de Filosofia é que posso todos os dias responder: “só sei que nada sei”.
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Tive reunião com meus dois coordenadores. Avisei a ambos que, neste ano de 2008, estou altamente especializada. Só leio Literatura Especializada. Ficaram boquiabertos, querendo saber as revistas que ando comprando. Mostrei-lhes:
Meu senso de humor continua o mesmo.
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Pai preparador físico, mãe professora agitada, hiperativa.
Sim, o bebê se mexe muito, dá cambalhotas, não pára quieto (o ultra-som foi super engraçado) e… acredite, passeia nos espaços ainda vazios da minha barriga. Nem sempre fica quietinho no ventre. Às vezes, está todo do lado esquerdo. Outras, fica completamente à direita. Estou achando que, se for menino, pode ser lateral no futebol (kkkk).
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Uma das melhores coisas de estar grávida é receber o carinho sincero de um montão de gente que gosta de você. Isso não tem preço.
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Se eu soubesse que era tão bom estar grávida, acho que teria uns cinco filhos já.
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Enjôo? nadica. Alguém já viu quem gosta de comer enjoar?
Desejos? Nenhum. A vida toda eu os tive. Agora, passaram.
Ah, tenho comido pouco doce. Porque eles não têm me apetecido.
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Eu não tenho a mínima idéia de como vou conseguir me livrar de toda a papelada que eu tenho.
Providências
Um dos maiores sustos que você toma quando se descobre grávida é a percepção de quanta tralha carregou na vida e a tarefa hercúlea que será se livrar dela agora. Sim , porque os espaços para o novo precisam ser abertos.
Bebê internauta
Ela tem cinco anos. É uma gracinha. Pela desenvoltura, pensamos muitas vezes que estamos com uma minigente, daquelas mocinhas descoladas e irreverentes. Mas ela só tem cinco anos. É uma criança ainda.
Para quem não conhece ultra-som obstétrico, desvendo-o: a médica fotografa o feto no útero, coloca cinco imagens do bebê numa página tamanho a4 e mais uma imagem da tela do pc, na qual aparecem os dados da gestação: centímetros do embrião, semanas desde a fecundação e nome da gestante. As fotos a que aludi mais a dos dados na tela do pc ficaram dispostas em duas colunas, de forma que, ao lado da freqüência cardíaca do bebê, aparece a tal tela.
Pois bem, vamos à história então.
A referida garotinha é filha do meu namorado. É um trocinho. Inteligente, gordinha e super feminina. Depois de passar um dia delicioso na praia com ela e a irmã de 12 anos (uma princesa tímida), brincando, comendo as delícias da Bahia, lá para as quatro da tarde, já com o sol fraquinho (creiam!), ficamos rolando na água, curtindo as ondas no raso. Pintamos e bordamos. Mergulhamos, abraçamo-nos, divertindo-nos até não poder mais! Saímos do mar de mãos dadas, rindo à toa.
Então… neste dia tão gostoso, o pai considerou que era a melhor hora… e, ao voltarmos à casa, enquanto eu subia para tomar banho, ele contou às meninas que eu ‘estava de neném’.
Foi surpresa para mim que contasse naquela hora. Quando desci, elas quiseram saber se era verdade e então … subi correndo com elas para mostrar-lhes o exame, explicar que as imagens eram do irmãozinho ou irmãzinha que viria. Aí foi tudo uma delícia. Pensei até delas ficarem com ciúmes dele, mas surpreendi-me com a ciumeira de mim: foi um grude, elas queriam garantir que eu não deixaria de brincar com elas. Neste dia, dei banho, penteei cabelos e contei história na cama.
Ela só tem cinco anos. Foi assim que começou esta história. Lembram?
E a pequenininha, entretida com a grande novidade e com as imagens do ultra-som, exclamava sem parar, debruçada sobre o exame:
– Ô… que bunitinho… olha a cabecinha do meu irmãozinho ou irmãzinha, olha o bracinho… ô… aqui é a perninha… aqui é a mãozinha… ô … que lindinho, olha a perninha… olha o bracinho… olha a cabecinha…
Eu já estava enternecida com o jeitinho dela, quando ela, apontando para a imagem da tela do pc que estava no ultra-som, disparou:
– … olha a barriguinha… ô, olha o bracinho… ô… a cabecinha… e aqui é ele brincando na internet.
Gente, caí na gargalhada, dei um abraço forte nela e … foi assim que meu filho ou minha filha, descendente que se preza, bebê do terceiro milênio, herdeiro de mãe blogueira, que ainda nem nasceu, já caiu na rede: meu útero wireless é formidável!
Se eu quebrasse todas as barreiras do possível, neste exato momento, gostaria de estar em Cancún, com os pés descalços, numa cadeira branca, sentada dentro da água do mar do Caribe.
Incrivelmente, eu brincaria com o dedilhar dos dedos dos pés, vendo a água transcorrer cristalina… e pensaria feliz no quanto é bom sorver a vida assim, despreocupada e feliz, enquanto quase todo o resto da humanidade vive sem pensar neste exato instante.
Celebridade
Palavra que eu não agüento mais ouvir.
Primigesta
Já não sou o que sempre fui.
Há mais de mim agora.
Em transição, vejo meu corpo mudar.
As luas passarão e nem sei o que serei.
Mas seremos nós. Serenos.
Caloura
Ano passado, acordei num domingo cedo (com aquela impressão de que perderia a hora) e, após tomado o rápido desjejum, dirigi pela avenida Paralela em direção a um novo tempo. Decidi fazer vestibular.
Após a graduação e a pós, com 32 anos, retornar ao banco dos calouros é, no mínimo, curioso.
Vi um garoto dirigir às 7h30 da manhã de domingo com os pés em cima do banco e um braço para fora do carro. Eu o conhecia. Tinha 17 anos. O pai ou a mãe lhe dera o carro para ele ir fazer vestibular também. Não acreditei, mas sabia que era esse o mundo do qual faço parte também – ainda que não comungue com este pai, esta mãe ou este garoto.
Fiz a prova em poucos minutos, menos de uma hora, e fui bem – que diferença do tempo em que tinha 17 e concluíra o 2 grau, gastando ao menos 3h30 das 4h propostas pelo exame.
Passei e senti uma alegria grande de receber o resultado. É sério. Comemorei e tudo.
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Nesta semana, já se completa a primeira de aula: três dias antes do carnaval e mais dois agora. Ainda não achei o meu lado da sala, a minha turma, a minha cara. Nem sei se acharei. Talvez sim, talvez não.
Gostei de estar do lado de cá de novo, de ser estudante, sentir a pressão de ter que aprender, mesmo sabendo que não tenho que aprender, mas que gosto de aprender.
‘Para variar’, a aula mais delícia de todas foi a de Filosofia. E eu me lembrei muito de uma amiga, muito melhor que eu: ela, depois de fazer Direito e Letras, concluiu que estudaria Filosofia ou Arte.
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Muitas novidades virão. Por enquanto, eu tenho colegas que estudam a disciplina “Introdução E Economia” conforme registraram em seus cadernos. Mas eu estou matriculada na Introdução à Economia.
Ah, o curso? Direito.
De volta!
Finalmente, voltei de verdade.