Quem pensa…

… que um filho dá despesa, converse com minha amiga,  mãe de trigêmeos.

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Internet e soberania

 

Falar de Internet e Soberania é lembrar Octavio Ianni e O príncipe eletrônico.

Mudou o paradigma social: o mundo moderno face às evoluções científicas exige a aproximação entre  ciências e humanidades e a linguagem se posiciona como conexão dialógica. Capra defende a teoria da rede, da conexão entre todas as  coisas e Morin hoje ressalta pedagogicamente a importância da religação dos saberes. Não há como se pensar em sociedade contemporãnea, em evolução científica, desprezando parâmetros humanos.

Para Ianni, o novo século propõe uma ruptura histórica acompanhada de uma ruptura epistemológica que consiste no reflexo das revoluções culturais na revolução científica, cabendo às ciências sociais, à filosofia e às artes o papel de reinventar novos horizontes, respondendo às inquietações do terceiro milênio.

A globalização, por outro lado, uniformizou, totalizou e desterritorializou o mundo pelo uso dos meios de comunicação. Uma nova linguagem se instaura. As fronteiras foram quebradas e há um novo panorama com o qual o homem, estupefacto, ainda não sabe lidar. As gerações foram um tanto quanto atropeladas pela contemporaneidade e seus avanços.

O príncipe eletrônico, soberano do mundo moderno, representação do ‘quarto poder’ é uma onipresença virtual, representada pela quebra de fronteiras, multiplicação dos espaços e aceleração dos tempos em todas as direções (Einsten: espaço e tempo são tão relativos mesmo!) em todas as atividades humanas possíveis, do lazer às regulamentações legais da sociedade civil. O ciberespaço, às vezes penso, representa a outra dimensão com  que o homem sonhou na ficção do passado.

A mídia é  hoje o príncipe eletrônico, talvez o grande Leviatã que assombrou Hobbes, não mais o Estado soberano como criação do homem, estado este que perdeu a autonomia estatal face às demandas do mundo globalizado e à subordinação dos países às grandes potências e seus mecanismos de controle da economia mundial e massificação da cultura, criando uma hegemonia de padrões.

O risco desta mídia mundializada é a parcialidade de opinião proporcionadora de um pensamento unificado conforme os interesses das elites que dominam a humanidade. As formas de matar a diversidade são várias: padrões de beleza universais, padrões que falam do melhor do mundo, padrões associados ao modus vivendi do primeiro mundo etc., disseminados pela tv, internet e demais mídias.

Predomina uma nova narrativa na construção da história da humanidade que, inclusive, usa recursos virtuais. A nova linguagem instaura novas possibilidades de construção da história.

O que não sabemos é o quanto ou quando seremos devorados pelo grande leviatã da modernidade. Sucumbiremos ou o ser humano não escapará, mais uma vez, de adaptar-se?