Já foi anunciada a morte cerebral de Clodovil. Não tenho nenhuma simpatia por ele, mas também não cultivo qualquer antipatia. Morreu uma figura brasileira, para mim é isto. Mas, ao ver decretada a sua morte cerebral, embora saiba o quão criteriosas são as equipes médicas em casos de homens públicos, fiquei preocupada após o que vi há poucos dias nos hospitais particulares em termos de atendimento e acompanhamento médico aqui nesta capital.
Minha avó também sofreu um A.V.C. ( aos 84 anos ). É pagante de plano de saúde há tempos, mais de trinta anos, nem sei precisar exatamente. O caos instalado no Hospital Salvador, em sua emergência, e a incompetência de alguns funcionários, me fizeram ter a certeza de que, em pleno terceiro milênio, para uma sociedade que se diz civilizada, é exdrúxulo pensar que se precise gritar para ser atendido como se deve, que não se vejam técnicos em enfermagem e enfermeiros usando luvas nos procedimentos habituais da emergência – como colocação de sonda urinária, que um fax solicitando autorização para o plano de saúde de um paciente em estado grave leve 4 horas para ser passado simplesmente porque o funcionário não reparou no papel que lhe foi entregue e que ficou durante todo o tempo em cima de sua mesa (foi preciso a família gritar) e outras barbaridades do gênero.
Então, como ela está na UTI de um outro hospital agora, após conseguirmos a sua remoção, fiquei pensando no caso de morte cerebral e em como isto é atestado aqui no país. Preocupada, honestamente, porque ela ainda dá sinais de atividade cerebral , fala embolada, mexe os olhos e aperta as mãos das pessoas em sinal de reconhecimento e aprovação ou desaprovação, fiquei temerosa contra negligências usuais no nosso Brasil.
Aqui descobri o que faz a morte cerebral ser confirmada, instigada pelo caso de Clodovil. As famílias deveriam ser bem esclarecidas porque, em caso de um atestado como este, é preciso que não haja sequer uma dúvida. Se possível, parecer de mais de um médico -embora aqui no Brasil não seja uma exigência.