Notícias do mundo de cá

Alice

Alice

Amanhã meu bebê faz 11 meses. O fato pode parecer (e ser) trivial para toda a humanidade, mas para mim não é.
Alice veio melhor que eu. E creio que os filhos sejam assim mesmo: a oportunidade da gente se descobrir menor, de realmente entender o significado de alteridade e, também, de se apaixonar pela humanidade. É. Apaixonar-se pela humanidade.
Alice me ensinou o que realmente significa renúncia. A extensão inteira da abdicação que só as mães são capazes de realizar. Sim. Só as mães.

A primeira piscina de bolas

A primeira piscina de bolas

Alice me faz feliz. Muito feliz. Ao ponto de chorar só por constatar que ela existe.
Eu nunca a concebi como a extensão de mim mesma. Não. Muita gente sente os filhos assim. Eu não consigo. Alice é ela. Desde a concepção, ou melhor, desde que eu a descobri em meu ventre, em 04 de janeiro de 2008, através de um sonho,  e quando a vi pela primeira vez, trancada na sala de ultrassom da minha amiga Lorena. Uma emoção ímpar. Um projeto de felicidade. E Lori foi a testemunha desta sensação em 07 de janeiro. De ver pela primeira vez o “grão de arroz” e já senti-la (juro!) em meu útero.
Eu ainda não sabia se era filha, embora desejasse muito, muitíssimo, que fosse. Mas sempre soube que um dia haveria Alice.

Alice, este nome lindo, doce e tão singular. Alice do grego Alethia. Alice que significa a verdadeira. Uma pessoa extremamente sincera, aquela que tem o dom da liderança. Autêntica. Verídica. É esta a grande extensão de Alice para mim. Minha pequena leonina.

Brincar, brincar...

Brincar, brincar...

A minha filha enfeita de luz a minha existência. É o meu compromisso com a vida.
Convida-me a redescobrir. A olhar de novo. A ver mais. De sentir a graça de um cisco no chão e vê-la com seu dedinho tentando pegá-lo. Esta coisa tão mínima e que nos enche de ternura.
Alice me provou que as mães não dormem. São eternas vigilantes.

O sagrado feminino

Recitar a existência...

A gravidez fez eu me sentir um templo. Um abrigo sagrado do ser humano. Fez eu entender o que é ser MULHER e fez nascer a mãe no casulo de mim mesma.
Compreendi porque os povos antigos cujas religiões veneravam o sagrado feminino tinham realmente um quê superior. E me fez ficar mais ainda estupefacta diante de homens que não respeitam a mulher e não compreendem toda a doçura e beleza que há em sê-la.
O nascimento de um filho é uma cerimônia de despedida de si. É a morte da que antes havia e o nascimento de uma nova pessoa. Uma pessoa que jamais será como a anterior. Jamais.
É um momento de introversão. De crise. De ambiguidade. É um rito de passagem. Uma atmosfera onírica envolve a mulher mãe.
Há um quê surreal talhado pelo sacrifício inicial da amamentação, do recolhimento ao estado de caverna e da confusa vigilância zumbi.

E eu nem sei até que ponto tudo isso passa ou se a gente se acostuma ou se, simplesmente, o bálsamo chega através do amor enorme em que nos transformamos. Filho ou filha alguma compreende isso. Só as mães.

É que Alice me deu a chance de conhecer O AMOR. E eu preciso festejá-la. Sempre.

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