Blog sobre programas infantis

Basta você ter um filho para confirmar a certeza que já guardava há tempo: a sua cidade é DESPROVIDA de espaços sociais interessantes que não sejam pagos e particulares. Os grandes parques estão decadentes, sujos e abandonados. São inseguros. A biblioteca pública… tsc tsc tsc. Dá pena. Vou aventurar em breve a Monteiro Lobato para ver o que me espera (aguardem).

E, sinceramente, eu me recuso a aceitar que as formas de lazer da minha filha serão concentradas nos shoppings da urbe. Parquinho infantil de plástico com grama sintética e um espaço com tv e dvd (??!!) pago por hora: blarght! Parques eletrônicos nos grandes centros comerciais: sempre??? Bares adultos com um cercado onde se coloca uma tv com dvd (de novo!!?? – babá eletrônica) , umas animadoras desanimadíssimas que se arrastam entre as crianças, uma casinha plástica e umas quinquilharias mais uma cama elástica (somente e sempre ela). Nada contra estas formas de lazer, mas só elas? Ar livre, parque público, grama, árvores, banquinhos, calçadões na praia… tudo limpo, organizado e seguro. Em Salvador? Só se for.

Desesperada na net, fico buscando o que fazer de interessante nos fins de semana. Teatro é sempre bom, cinema também (mas Alice ainda não encara  a telona). Mas estou escarafunchando o que fazer para poder proporcionar à minha filha uma formação diversa. Vou ter que – vira e mexe – voltar à estrada.

Mas também não posso deixar de comentar aqui a descoberta fantástica que fiz há um tempinho: o blog PEQUENÓPOLIS.  Excelente indicação do que anda acontecendo em Salvador. Vale conferir.

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Segunda chamada geral

é só o que dá vontade de fazer quando a gente se conscientiza da quantidade de textos e livros para estudar. Nossa, a sensação que eu tenho sempre é a de que deveria fazer o semestre depois de tê-lo estudado todo. Assim: concluimos os estudos e depois voltamos ao início, ao primeiro dia de aula, para conseguir realmente fazer com que a aula aconteça: dialogando com o professor.

Ah, e tem mais: prova tradicional ainda???

Violência contra a mulher

Faz quinze dias que eu estava numa grande papelaria de Salvador e de repente uma gritaria e um tumulto. Pensei que era um assalto e me dirigi ao fundo da loja. A confusão passou e, quando fui ao caixa, descobri estarrecida que um homem desferira um murro contra uma mulher. Ela tinha cerca de 35 anos. O homem era o pai dela. E ele fugiu. E uma mulher ainda foi capaz de proferir as palavras: “alguma coisa ela deve ter feito”.

Sobre os boicotes à mulher

Muitos casos de relação homem e mulher em que predomina a ótica machista se pautam na afirmação do sujeito homem a partir da negação do sujeito mulher, na objectualização da mulher.

O dia-a-dia consiste na infiltração de comentários depreciativos que gotejam na mente feminina como simples observações cotidianas ‘inequívocas’, interpretadas à luz de um partidarismno patriarcal e segundo os interesses de dominação do homem, sujeito da relação. Melhor seria dizer: senhor da relação. É um risinho porque ela deixou cair um prato (“você é tão atrapalhada…” “nem para pôr a mesa meu amor serve…”), é um comentário jocoso porque ela estuda (“não sei para quê… eu lhe dou tudo! Não dou, amor? Que mais você pode querer se já tem o meu amor?”), é uma crítica porque dirige parte de seu dinheiro para manter a auto-estima (“a gente em crise e você gasta com salão?”) … os exemplos são inúmeros. Vários.

Aos poucos, o homem mina autoconfiança da mulher, a faz abdicar do que é importante, a deixar de ser o eixo e o centro da própria vida. Este tipo de relação evolui pela negação absoluta do valor mulher e pela solidificação dos valores do homem, o dono, o chefe. E este insiste e não mede esforços, ora sutis, ora grotescos (“se eu terminar com você, arranjo mulher em qualquer esquina!”) para fazer dela o objeto INESSENCIAL da relação.

Quando a mulher chega a se sentir o inessencial, o nulo, a não-mulher, o contra-valor, urge que se repense e que busque o resgate, o retorno. Nem sempre ela conta com apoio – às vezes até sua família reproduz os valores sociais machistas e a condena quando pretende libertar-se.

Enxergar-se como SUJEITO da própria história e não se sujeitar aos ditames generalizados do outro e perguntar-se a si mesma quem é e onde está, onde quer chegar: talvez sejam os primeiros passos. Libertar-se da rede-armadilha pelo homem criada de que ele é o seu porto seguro, a sua via única de salvação, e buscar, sim, urgentemente, outras mulheres, para se solidarizar com elas e descobrir o quanto inequivocadamente os padrões (mesmo desgastados) ainda se repetem em nossa sociedade. É que é necessário que se construa uma teia de mulheres entrelaçadas pela sua condição mulher, pela sua singularidade enquanto sujeito da sua própria história a fim de que o discurso feminino realmente tenha voz e tenha vez, para que ele encha com o seu canto autenticamente assumido a sua própria existência e a da alteridade.

Quando ela se afirma e auto-afirma sujeito único e absoluto, sua voz chega a outras que, ao ouvi-la podem sentir o eco do ser que pulsa em si. E tomar uma atitude.