Todos os dias, eu acordo com a possibilidade de ser feliz. E é assim que conduzo a minha vida. Há dias em que não logro êxito.
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Hoje pareceu um dia diferente. Havia a possibilidade de sempre.
E ela de repente virou certeza.
No carro, de manhã, um cd para dirigir na estrada (e a própria vida) Madeleine Peyroux. A canção evoca uma sensação gostosa de poder seguir a estrada segundo seus princípios. E isso é muito bom. E muito gostoso.
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Tirei uma nota excelente na prova que fiz.
Ah, tá bom, estou cansada de saber que isso não é o mais importante e que todo conceito de avaliação pode ser relativizado. Mas eu tirei uma nota excelente e, nesta hora, eu sou só uma aluna feliz, muito feliz com isso.
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Assisti nesta semana a três tácitas demonstrações de que ainda há professores que pensam num direito diferente, numa possibilidade social de um mundo melhor. E isso mantém a minha fé na humanidade.
Ainda será possível enquanto assim acreditarmos.
E isso me move.
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Parece que minha sala está finalmente entendendo a força do grupo e o benemérito da solidariedade.
E isso me conforta e me traz esperança. Também.
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Cheguei em casa e minha filha me sorriu feliz por me ver de novo, mais um dia. E eu larguei a bolsa no chão, as preocupações de lado e as bigornas de opressão para abraçá-la com toda a mãe que eu posso ser.
E isso me deixa feliz.
Muito plena.
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Almocei uma paella com umas taças de casal garcia branco. Tá, eu mereço.
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O Rio venceu a competição para sediar as Olimpíadas (não por ironia agendei a paella, eu juro que nem sabia que Madri estava no páreo para o segundo lugar hoje). E isso, nas palavras do nosso presidente, realmente significa um certificado de cidadania internacional. E eu faço parte deste Rio porque ele contém uma porção que há também em mim: a brasilidade.
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E hoje, nem que a vaca tussa nem que qualquer transeunte queira… hoje, exatamente hoje, eu me sinto libérrima. E feliz. Porque Alena.