Oportunidade

Todos os dias, eu acordo com a possibilidade de ser feliz. E é assim que conduzo a minha vida.  Há dias em que não logro êxito.

*

Hoje pareceu um dia diferente.  Havia a possibilidade de sempre.

E ela de repente virou certeza.

No carro, de manhã, um cd para dirigir na estrada (e a própria vida) Madeleine Peyroux. A canção evoca uma sensação gostosa de poder seguir a estrada segundo seus princípios. E isso é muito bom. E muito gostoso.

*

Tirei uma nota excelente na prova que fiz.

Ah, tá bom, estou cansada de saber que isso não é o mais importante e que todo conceito de avaliação pode ser relativizado. Mas eu tirei uma nota excelente e, nesta hora, eu sou só uma aluna feliz, muito feliz com isso.

*

Assisti nesta semana a três tácitas demonstrações de que ainda há professores que pensam num direito diferente, numa possibilidade social de um mundo melhor. E isso mantém a minha fé na humanidade.

Ainda será possível enquanto assim acreditarmos.

E isso me move.

*

Parece que minha sala está finalmente entendendo a força do grupo e o benemérito da solidariedade.

E isso me conforta e me traz esperança. Também.

*

Cheguei em casa e minha filha me sorriu feliz por me ver de novo, mais um dia. E eu larguei a bolsa no chão, as preocupações de lado e as bigornas de opressão para abraçá-la com toda a mãe que eu posso ser.

E isso me deixa feliz.

Muito plena.

*

Almocei uma paella com umas taças de casal garcia branco. Tá, eu mereço.

*

O Rio venceu a competição para sediar as Olimpíadas (não por ironia agendei a paella, eu juro que nem sabia que Madri estava no páreo para o segundo lugar hoje). E isso, nas palavras do nosso presidente, realmente significa um certificado de cidadania internacional. E eu faço parte deste Rio porque ele contém uma porção que há também em mim: a brasilidade.

*

E hoje, nem que a vaca tussa nem que qualquer transeunte queira… hoje, exatamente hoje, eu me sinto libérrima. E feliz. Porque Alena.

Publicidade