E escrita também. Pense num livro que não alcança o interesse do leitor : O clube do filme. Uma história insossa que talvez pudesse até convencer se fosse contada por outra pessoa ou de outra maneira. Mas a narrativa é tão monótona que a leitura só prosseguiu porque eu tinha o otimismo de que, em algum momento, alcançasse um clímax. Nada. Não chega a canto algum.
Um pai resolve dar a seu filho adolescente entediado com a escola e com rendimento baixo a oportunidade de abandonar a sala de aula e nada fazer em troca – nem trabalhar nem pagar aluguel – mas apenas se comprometer em assistir a alguns filmes com ele, no mínimo três por semana.
Fora duas relações amorosas um tanto traumáticas para o garoto Jesse, o fato de tocar numa banda e fazer uma viagem para assistir a um show – até então nada contagiante ou fora do lugar-comum – bem como o envolvimento rápido do garoto com cocaína, que não chegou a ser um vício… ademais, nada há na narrativa a não ser as próprias impressões do autor, David Gilmour, sobre os filmes a que assistiu na vida (ele próprio crítico de cinema). A vida comum pode ser excelente pauta de livros, mas a impressão que fiquei foi a de que em nada me acrescentaram. Nada. Tudo muito óbvio, muito nhenhenhém.
O problema prossegue: as opiniões de Gilmour sobre as películas aparecem de forma superficial, ressaltando um momento um tanto quanto óbvio em cada filme, um ator ou diretor e o garoto não consegue também nos entusiasmar embora por vezes discorde do pai. A narrativa das escolhas de filmes que vai fazendo é cansativa, um roteiro, um manual. Chato demais. Parece um diário de anotações sobre a experiência que depois foi impresso. Mas um diário sem emoções. Sem vida. Como uma lista de supermercado.
Tipo de livro que vai parar num sebo rapidinho. Aos montes.