16 de junho.
Hoje eu tenho muito o que comemorar. Já pensei até em publicar as 100 fotos destes dias, 100 fotos que representassem estas vitórias. Mas estou com vontade também de reescrever post a post e ilustrá-los e também de revelar as entrelinhas e as linhas ocultas.
Estou a pensar. Up date: já pensei, vou reeditar os posts para deixá-los à posteridade.
* * *
Ao mesmo tempo, o fim do projeto foi uma espécie de espiral : voltei mais ou menos para ponto de partida. (Acredito que a vida seja assim mesmo: a gente vai e volta a pontos semelhantes da nossa história, só que em outro tempo e com outras possibilidades, inclusive de escolha). Depois que perdi mais uma babá (segundo ela, a mãe está doentíssima), o caos se instalou, unindo-se ao desespero do projeto estar nos últimos dias. Algumas coisas -parece que como num teste – me sufocaram e irritaram, mas sei hoje que talvez tenha sido para a lição final ficar bem sólida. Descobri pela milésima vez o preço de ser mãe sem marido e de ser órfã (leia-se: não ter avós para Alice). Difícil trabalhar, difícil viver, difícil namorar, difícil fazer qualquer coisa normal, até ligar e usar o computador quando se tem uma criança em casa.
As relações profissionais são tensas, parte do grupo não crê ou nunca trabalhou em equipe e isso é difícil para mim, que acredito tanto no trabalho em conjunto e que aposto em partilhar. Ainda assim , continuo com fé em mudanças, amo muitos colegas e percebo possibilidades bacanas de desenvolver projetos com alguns.
Não emagreci tudo que queria, mas emagreci muito. Ainda não reprogramei o meu corpo como gostaria, mas estou no caminho, as férias chegaram e quero me dedicar a tudo que amo, inclusive muitas atividades físicas.
* * *
O grande detalhe é que, embora o peso ainda me incomode muito, o foco do projeto não foi apenas a aparência, mas algo muito mais interior, aquilo que, como dizia Saramago, está dentro de nós, aquela coisa que não tem nome e que é o que somos. O fato é que, nos últimso cinco anos, me perdi muito de mim mesma – coisas de quem se apaixona pela pessoa errada realmente e enxerga mal o que o outro tem a lhe oferecer e a compartilhar consigo.
Acredito piamente que há relacionamentos em que as pessoas progridem e outros capazes ou de estagnar ou de fazer a regressão de um ou ambos os cônjuges. O meu caso foi típico: incompatibilidade total. Minha vida inteira deu para trás. Virei outra, irreconhecível.
Coragem para mudar o rumo e aprumar a vida. Eu tenho. Sempre tive.
Foi por isso que este projeto nasceu. No dia 05 de março, eu acabei perdendo a última coisa que estava em consonância com a época passada, com a pessoa passada. Meu carro. Quando acordei no dia 09, senti definitivamente que precisava mudar tudo, tudinho mesmo. E foi assim que nasceu este projeto. Do desespero, da depressão. Em resposta a uma vida que eu quero melhor.
Então, 100 dias depois, em que foquei mais em mim que em qualquer outra coisa ou pessoa, posso dizer de novo que venci.
VENCI PORQUE ESTOU ALEGRE E RISONHA COMO SEMPRE FUI.
VENCI PORQUE REDESCOBRI O RISO E A LEVEZA.
VENCI PORQUE ENCONTREI PAZ COM A MINHA FILHA, COM A MATERNIDADE, COM OS VALORES EM QUE SEMPRE ACREDITEI E EM QUE CONTINUO ACREDITANDO.
VENCI PORQUE ESTOU ME SENTINDO BONITA, ATRAENTE, DESEJADA.
VENCI PORQUE ESTIVE EM CONVIVÊNCIA COM PESSOAS REALMENTE AMÁVEIS, REALMENTE ADORÁVEIS, REALMENTE AMIGAS.
VENCI PORQUE DESENVOLVI UM BOM TRABALHO, PORQUE CONQUISTEI MEUS ALUNOS E OS PAIS DELES, CRIANDO UMA EXCELENTE ATMOSFERA DE COOPERAÇÃO E CONFIANÇA.
VENCI PORQUE FIZ ESCOLHAS CERTAS.
VENCI PORQUE VOLTEI A VIAJAR, A SAIR, A PAQUERAR, A SORRIR E A RIR E A GARGALHAR.
VENCI PORQUE ESTOU TRABALHANDO, PORQUE TENHO PLANOS E PROJETOS PARA BREVE.
VENCI PORQUE SUPEREI DIVERSOS OBSTÁCULOS PASSO A PASSO, CONQUISTANDO MUITO DO QUE HOUVERA PERDIDO.
VENCI PORQUE MEU DESTINO É ESTE.
VENCI PORQUE ACREDITO NA VIDA, NO AMOR, NA AMIZADE, NAS PESSOAS E, SOBRETUDO, EM MIM.