Ninguém a vê sob a roupa – ainda que deixe aquelas marquinhas óbvias. Ninguém sabe que é nova nem que é bonita nem se foi cara ou barata, paga à vista ou em cinco ou em dez prestações. Não se sabe se é verde cana ou pretinha, de oncinha ou rosa choque, quiçá carmim. Se tem renda… Ninguém sabe se é branquinha e sensual ou amarela em contraste com a pele.
Mas a mulher que a comprou a veste como se fosse um ritual, no pós banho, com cheirinhos de vida nova, e sente, à medida que a pele é envolvida, um empoderamento mágico, uma força mística que lhe deixa com a espinha ereta, um sorriso nos lábios e um leve arqueamento dos ombros para frente. Ela pisa forte, segura, senhora de si e do mundo e anda como se desfilasse. No seu corpo, podem ir a calça jeans surrada, a blusa sem graça de algodão, o vestidinho leve ou o longo respeitoso, o moletom ou a malha da academia, a camisa de mangas compridas ou o casaco pesado de inverno. Não importa. Ela caminha como se usasse uma roupa invisível e , sobre nuvens, a passos macios, sente toda a sua sensualidade.