Tipo de gente que (tsc tsc tsc):

1. aquelas a quem você precisa explicar uma ironia
2. aquelas que só sabem fazer ironia acrescentando ‘só que não’
3. as que rezam tanto, louvam tanto, oram tanto… e por isso se consideram melhores que as demais
4. as incapazes de se colocar no lugar do outro ou de ao menos sacar que há diversidade no mundo
5. as que pensam que o seu ponto de vista é o único válido no universo
6. as que julgam tudo por este ponto de vista
7. as incapazes de ponderar

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Sobre opinião alheia

Circulam os memes nas redes sociais com tanta frequência, que a maior parte das palavras passa tão rápido quanto aparecem aos montes. Muita curtição e pouca reflexão.

Ultimamente, tenho visto uma enxurrada de frases e netcartazes cuja mensagem consiste em dizer, de diversas formas diferentes, que ninguém tem nada a ver com a ‘minha vida’. Isso e mais a intromissão absurda de que fui vítima nos últimos tempos (ressalte-se porque estava fragilizada e permiti) me conduzem à constatação de que , quando a gente realmente está segura de si, as intromissões não somem, os palpites não acabam, as chatices alheias e as fiscalizações familiares não deixam de acontecer, entretanto  a gente liga aquele botãozinho do ‘foda-se’ e sai pela vida, linda, serelepe e faceira, ao menos muito leve, se não tudo isso, e vai cuidar realmente do que interessa.

Quando há esta necessidade de justificativa como vejo nos posts de amigos, percebemos claramente o grito de socorro implícito: por favor, vão cuidar da vida de vocês e parem de julgar, condenar e maldizer a vida alheia. São estas as súplicas que leio diariamente nas mensagens dos murais on line.

Por outro lado, podemos pensar que as pessoas controlam o que publicam nas redes sociais e dão aos outros os pratos cheios para falarem de si. Há quem diga que não publica nada por isso. Mas é esta a tônica? Nada partilhar? Guardar para si suas conquistas, suas mágoas e decepções, seus lampejos de alegria e arroubos românticos? Ué, eu não aprendi na vida, na escola, nos livros e na universidade que o ser humano é social? Eu vivo com o outro, por isso publico, divulgo, me engajo e compartilho; mas não para o outro.

As redes sociais hoje se descortinam melhores do que as limitadas janelas das maricotinhas de antigamente. Se as candinhas viviam atrás das cortinas tomando conta dos beijos roubados e dos encontros fortuitos e passavam, tal qual a brincadeira do telefone sem fio, as mensagens, deturpando-as, hoje não é lá muito diferente.

Há uma gama enorme de ‘amigos’ que aceitamos para fazer parte da nossa vida virtual que só faz fuxicar e futricar a partir do que publicamos. Uma tia, um tio e um conhecido me perguntaram se  eu era gay porque me vêem sempre defendendo os direitos humanos dos homossexuais. Na cabeça deles, é preciso ser homossexual para respeitá-los. Ãnh? É. É com estupefacção que eu recebo estas notícias.

Outra vez, como gosto muito de roupas estampadas e vestidos de algodão, me perguntaram se eu era hippie, se depilava as axilas, se fumava maconha e se era gay. Ãhn? É. É com estupefacção que recebo estes comentários.

E se fosse? Caberia a mim ser.

Uma titia uma vez me disse que ‘ah! ela sabia que eu não era, mas o que o mundo ia pensar, o que as pessoas iam falar?’  Gente, fala sério! Estou no terceiro milênio, vivemos numa sociedade pós-moderna, o capitalismo venceu, os direitos humanos estão em voga há décadas, as lutas por um mundo , uma vida e um planeta melhor são a pauta das aulas, das reuniões e campanhas. E ainda há gente que se assusta se você não é católico ou se não é evangélico, se defende casamentos para pessoas que queiram se casar do mesmo sexo ou não, se é a favor da adoção, se prega o sexo livre e a liberdade feminina, se não condena as mulheres que abortam, se amamentou sua filha até quando bem quis e pôde? É. Até palestras eu ouvi contra a amamentação de minha filha. Muita gente veio – na contramão da história – me dizer que eu amamentava demais.

Recentemente, cada amigo com quem tirei foto e postei virou para as candinhas um namorado, uma promiscuidade minha. E se fosse? A década de 70 era mais evoluída… Cada copo de cerveja postado em minhas mãos em eventos virou um conselho de um parente: olha, não beba, não, vão pensar que você é alcoólatra.

Ou outro conselho pós fotografias: ‘não viaje. Sua filha é desequilibrada e precisa de você SEMPRE ao lado dela’. Ser mãe é isso? Renunciar a si própria? E eu que briguei tanto para a minha mãe recuperar a sua vida pós morte de meu pai e apesar de ter 4 filhas… Renunciamos, sim, a sair todas as noites, a ficar mais fora de casa, a comprar com todo o nosso dinheiro para nós mesmas… mas renunciar `a própria vida, às próprias escolhas, às próprias bandeiras e abdicar da felicidade?  Não, sinto muito, aliás, não sinto nada, mas JAMAIS deixarei de ser quem eu sou porque isso me deixaria extremamente infeliz ( e já deixou no breve tempo em que permiti que os outros falassem mais a mim que eu mesma. Ademais, quem conhece Alice sabe o quanto ela é feliz e normal.

Aí você reflete sobre as suas publicações e as suas fotos e ratifica, tranquila, que , sim, vai continuar a fazê-las porque quer do seu lado gente de bem, gente bacana, gente que pense parecido ou que ao menos defenda o seu direito de pensar diferente. Candinhas, mariquinhas, futriquinhas? Ah, coitadas! São pessoas que nada têm de bom para partilhar e por isso ocupam tanto do seu tempo com maledicências sobre as felicidades alheias.

***

Conselho ao grupeto? Signifiquem suas vidas, a dos outros vai incomodar menos.

Debaixo d’água*

* Este post deve ser lido ao som de Debaixo d’água e Agora de Arnaldo Antunes na voz de Maria Bethânia. Ouça aqui.

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“Mas tinha que respirar… todo dia, todo dia, todo dia”.

Toda vez que passamos por uma situação extrema, um redemoinho de emoções e sensações nos engole sem piedade.

” Agora que agora é nunca/ Agora posso recuar”

Ano passado, fui vítima de um assalto que me legou uma condição embrionária, condição de espectadora do existir. É que, durante duas horas e vinte minutos, lutei corpo a corpo com um marginal, bandido, drogado e psicopata pela minha vida, pela vida de minha filha e pela vida da babá dela. Nós fomos surpreendidas na madrugada, eu, deitada na cama, dormia o sono dos que trabalhariam na segunda-feira e elas, o dos inocentes.

O estrondo da porta dos fundos sendo arrombada com violência me acordou desesperada e já dei os gritos lancinantes de quem sabia o pior a fim de acordar a rua inteira e chamar a atenção desesperada para a minha casa, a minha condição. Encontramo-nos todos na sala e ele, com a faca na mão direita gritou tanto quanto eu. Pegou a empregada, mas eu a puxei e , com um olhar tirano e sem dizer uma palavra sequer, comuniquei-lhe que pegasse Alice e não a largasse por nada neste mundo. Ela entendeu.

Trocamos de lugar e eu fui empurrando-o para a cozinha quando o horror começou. Perdi honestamente a conta de quantos golpes de faca peguei no ar. Só sei que a frase que mais repeti seguidamente na minha vida inteira foi : “vá embora, por favor!”.

“Sem saber  quanto este momento poderia durar…”

E sem saber se este momento realmente acabaria… “todo dia, todo dia…”

“Agora sinto minha tumba/ Agora o peito a retumbar”

Braço, faca, cabelo, luta, perna, braço, lâmina, dedo, sangue, braço, horror, braço e uma tatuagem, domínio, autocontrole (im)possível.

Olho desvairado, agreste, exorbitante, mau. Mal maior evitado. Não sei como, lembrei-me de quando era criança e assistia Bruce Lee com meu pai e ele me dizia: “olhe nos olhos de seus inimigos”… “conheça-os”. E eu não parava de fitá-lo. Tentando, tantas vezes inútil, dominá-lo, não demonstrar o medo que me escorria pelo corpo e endurecia de fel e razão o meu estar viva ali.

“Agora meu avô já vive/Agora meu filho nasceu”

Pensando em Alice, lutando por ela, consegui me desvencilhar, abrir a porta, uma, duas, três, quatro, cinco vezes… não, ninguém apareceu. “Agora abrem uma porta/Agora não se chora mais”. Entre os vivos não achei ajuda, não achei resposta, não achei socorro. Nada achei. É o peso em toneladas da solidão absoluta, a denotação mais cruel da solidão. E a ameaça atingia minha filha, que chorava com a babá desesperada em outro cômodo. Eu voltei todas as vezes em que vi a  escada vazia, retornei todas as vezes e o agarrei pela camisa, sempre antes que pegasse Alice e a luta recomeçava. Não sei se havia lua naquele dia, mas se ela existia, estava banhada de sangue. “Agora diante da parede/Agora falta uma palavra”.  Apelei em gritos de silêncio para os mortos. Chamei meu avô Antônio. Luz impotente. Chamei meu avô Gilberto. Baixo demais para o adversário. Chamei meu pai, minha mãe, minha avó Neyde. Por favor, implorei. Chamei tio Sérgio, talvez loucos se entendessem. E chamei Igor. Desvario ou não, lembrei-me de que meu primo falecido há pouco tinha o tamanho dele, do bandido que me queria matar a qualquer custo insistentemente. E fui conseguindo dominar não sei com que força os braços dele, sempre sem tirar os olhos, na ponta dos pés para parecer maior do que eu era…acuada, na parede, lutando desesperada para viver. Para manter-nos vivas todas.

“Só faltava respirar. Mas tinha que respirar…”

E a Mulher do Médico de Ensaio sobre a cegueira também me ajudou a encarar com frieza e raciocínio a situação. Não sei também como nem por quê.  Mas me lembrei da lista de características que  um psicopata reúne, assunto de trabalho no curso de Psicologia quando fui professora e trabalhamos o tema. Li mais de 120 trabalhos…E , naquele desespero todo, na luta insistente pela vida, legítima defesa absoluta, fui mentalmente ticando os itens, um por um, à medida que tentava construir um diálogo que reconstruísse a narrativa de vida do assassino em potencial e me libertasse, como à jornalista em Hannibal.

O sangue do ferimento feito à faca já me lavara a camisola de cetim, inutilizada; os vidros quebrados na cozinha e os quadros da parede caídos no chão estariam no dia seguinte cobertos de pó de perícia…

Duas horas se passaram, nada de socorro real, eu via o dia amanhecer em assassinatos concretizados diante de tanta ameaça e tentativas dominadas com meus fracos braços de então. Um primo meu diria: mãe é bicho, é fêmea, daí você retirou as forças: do seu útero. Deve ter sido.

A adrenalina me dava uma lucidez impensável nestas circunstâncias.

“Agora não me despedi/ Agora ainda estou aqui”

Ele titubeou três vezes, indicialmente. A primeira, quando lhe tentei falar e fazê-lo falar sobre sua mãe. Acalmou-se por minutos, desesperou-se ao fim e tentou mais uma facada, duas, três. Prometeu que me mataria e após mataria a própria mãe “para que ela não morresse de desgosto dele ter matado”.

Mais conversa, sou professora, dou aulas amanhã, quer estudar? Preciso dormir, meu chefe vai brigar se eu me atrasar, vá embora.

Insano. Inexplicável. Irrepetível. Bárbaro.

Titubeou também com as palavras infância, abuso sexual e animais. Chorou e me contou parte de sua desgraçada biografia. Mas suas mãos em posição de ameaça iminente, no alto, afiadas facas: vermelha e preta. Nova luta, novos golpes. Muito desespero.

E a palavra Bíblia o fez chorar. No mesmo momento em que eu a proferia, pedia silenciosamente a meus orixás que me protegessem.

E consegui lhe dar um copo d’água, com todos os movimentos controlados, explicando-lhe tudo detalhadamente, pensando em como reagir, dar o golpe certeiro, libertar minha filha e sair ilesa (?).

“Mas tinha que respirar… Todo dia. Todo dia, todo dia…”

A polícia bateu na porta e anunciou a sua presença com toda a voz grave que só a polícia pode ter. Desesperou-se ele, correu para pegar Alice, puxei-o e gritei baixo para que tivesse calma e fizesse silêncio. E alto, para fora:

– Vá embora,  policial, aqui não está acontecendo nada.

-Senhora, eu sei o que está acontecendo. Se você não abrir a porta, vou arrombá-la. A casa está cercada.

– Você não pode fazer isso, tem que ter um mandado. É invasão de domicílio. Fere o direito constitucional do cidadão.

Foi o tempo necessário entre o titubeio do policial e o atordoamento que minhas palavras causaram no outro, bandido, que me fizeram pôr uma escada entre nós e assim o fui empurrando e convencendo a ir embora pelos fundos e a se esconder na escuridão. Para nos salvarmos todos.

Lembrei-me de Eloá.  E temi muito a desgraça e atingirem Alice.

Então, consegui fechar a porta com força e gritar para a empregada correr e sair e consegui também sair pela porta , dando de cara com o policial que estava com a arma empunhada e quase atirou em mim à queima-roupa pelo susto e surpresa de que foi tomado. “AGORA ABREM UMA PORTA / AGORA NÃO SE CHORA MAIS”. Entraram pela casa, vasculharam os fundos, mas ninguém mais o pegou.

Faz seis meses.

A empregada ainda caiu da escada ao correr atordoada e desesperada com minha filha no colo, que saiu , como os anjos, incólume.

Debaixo d’água, protegido, salvo, fora de perigo
Aliviado, sem perdão e sem pecado
Sem fome, sem frio, sem medo, sem vontade de voltar
Mas tinha que respirar”

Denúncia. Relato no meio da rua e da madrugada. Cinco policiais, duas mulheres humanizavam mais ainda o grupo que , com os olhos lacrimejando, ouvia-me contar o desespero daquela que seria a pior de todas as madrugadas da minha vida. Apagou em dor a noite em que esperei a minha mãe morrer: eu, encolhida na minha cama com os cabelos molhados.

Trocar de roupa. Vestir por cima um vestido emprestado que me deram. Lavar-me de todo o sangue e de todo o fétido odor de morte, banho inútil de pia. Delegacia. Rua deserta na madrugada. Um vazio que prenunciava o que viria. E que se instalou.

“AGORA PASSA A PAISAGEM
AGORA NÃO ME DESPEDI
AGORA COMPRO UMA PASSAGEM
AGORA AINDA ESTOU DAQUI

AGORA SINTO MUITA SEDE
AGORA JÁ É MADRUGADA
AGORA DIANTE DA PAREDE
AGORA FALTA UMA PALAVRA

AGORA O VENTO NO CABELO
AGORA TODA MINHA ROUPA
AGORA VOLTA PRO NOVELO
AGORA A LÍNGUA EM MINHA BOCA”

Depoimento. Chegada de parentes. Mensagens desesperadas intercambiando alívios. Delegado. Delegada. Escrivão. Policial. Etecétera e tal. Manhã  chegando, Nina Rodrigues, exame de corpo e delito. E aquele verde fedorento das paredes mais acuava todas as vítimas que se amontoavam sem nome nas cadeiras insensatas.

“Mas tinha que respirar” quando a vontade era fugir nem se sabe para onde, talvez para a morte paradoxalmente.

Doze horas depois, retornei da torpe odisseia e multiplicavam-se parentes na sala enquanto eu me despedia horrorizada da casa que fora da minha família mesmo antes de eu nascer, há cerca de 50 anos. Eram paredes que eu não queria mais. Paredes que não me protegeram. Portões e muros frágeis diante da minha condição humana.

“Agora não me despedi”

“Agora ainda estou aqui”

Foragida, carro trocado, sem casa, sem teto, só malas. Medo de voltar. Medo de sair. Medo de estar. Atropelaram-se casas, apartamentos, corretores, imobiliárias, telefonemas, anúncios de jornal,  e o dinheiro faltando no banco.

“Debaixo d’água se formando como um feto
Sereno, confortável, amado, completo
Sem chão, sem teto, sem contato com o ar
Mas tinha que respirar
Todo dia
Todo dia, todo dia
Todo dia
Todo dia, todo dia”

Casa da irmã de minha mãe. Minha tia. Como ela. Eu feto e embrião. Companhia, mão necessária.

Ajuda de pessoas amigas (poucas). Ajuda de parentes (poucos). E, aos poucos, as caixas que levavam a minha história foram sendo descartadas tão sem sentido e sem valor e carregadas para lá e para cá até que pousaram incertas no que seria uma fortaleza para mim.

Quanto se perdeu? Não sei. Quanto tive? Não inventariei.

Certeza real de que nada de valor me levaram da madrugada de horror: três vidas ainda.

“Debaixo d’água por encanto sem sorriso e sem pranto
Sem lamento e sem saber o quanto
Esse momento poderia durar
Mas tinha que respirar

Debaixo d’água ficaria para sempre, ficaria contente
Longe de toda gente, para sempre no fundo do mar
Mas tinha que respirar
Todo dia
Todo dia, todo dia
todo dia
Todo dia, todo dia

Debaixo d’água, protegido, salvo, fora de perigo
Aliviado, sem perdão e sem pecado
Sem fome, sem frio, sem medo, sem vontade de voltar
Mas tinha que respirar”

Se pudesse, nestes seis meses, do novo apartamento não teria saído. Se saí, realmente, sei que nem me lembro, embora todos os dias fosse trabalhar.

Só sei que agora quero ouvir (psicótica?): já passou, já passou, já passou, já passou, já passou, já passou, já passou, já passou, já passou, já passou, já passou, já passou, já passou, já passou, já passou, já passou, já passou, já passou, já passou, já passou, já passou, já passou, já passou, já passou, já passou, já passou, já passou, já passou, já passou, já passou, já passou, já passou, já passou, já passou, já passou.

Seis meses e então a sensação exata é que:

“Agora posso recuar”.

Uma liberdade de quem escolheu viver, pôde ficar viva. A minha existência é agora, sinceramente, uma licença poética. Perdi o medo da morte.

Rio Acre

Preocupada com o pessoal do Acre. Jamais pensei em visitar o Acre. Mas surgiu uma oportunidade muito bacana e fui lá conferir. Terra hospitaleira de gente legal! Fui tão bem recebida que cheguei mesmo a crer na bondade humana. Pessoas gentis, que se desdobraram em mesuras e com experiências de vida muito diferentes e valorosas para trocarmos.

Neste momento, presto minha solidariedade às pessoas que me receberam e pergunto-lhes se posso ajudar de alguma forma.

Baba, baby.

Coisa de ficar maluca: cuidar sozinha de filho, ser mãe sozinha.

PTQPR. Dita cem vezes. Depois eu não entendo por que fico nervosa. Todos os dias, meia-noite, e Alice ainda está acordada? O pai não está. Não tem avô, não tem avó. A m* da babá não coloca para dormir. E eu querendo me jogar pela janela a esta altura.

A solução? Eu fazer um intensivão: acordá-la às 6h durante uma semana para criar rotina, cansá-la durante o dia, não deixá-la dormir e vê-la na cama às 20h. O problema reside exatamente aí: eu, eu , eu. Tudo eu. Saco. Ninguém para dividir. Como eu aguentaria fazer algo depois? Como teria meu tempo para a net? Como faria algo na cozinha? Como sobraria um tempo para namorar? E como estaria a minha pessoa depois desta semana de jornada? Precisando, obviamente, de um ano na Polinésia. Sozinha.