Minha avó foi menina criada no Instituto Feminino de Salvador, com educação de moça fina e prendada. Leu Jorge Amado, Flaubert, Machado e tudo o mais… então acabou sendo revolucionária, não acomodada, mulher de verdade, independente e exemplo feminino. Mas isso já foi assunto de outro post.
Eu sei que fui a neta primogênita e gozei de duas sortes: além de ser a primeira, a de ser filha do filho que ela mais amava. E mais uma: de ser a cara dela. Destarte, fui eu que vivi com ela me ensinando todas as suas artes e finesses: fazer bolos, doces, festas, decorações, bordados, pinturas, telas… nem tudo eu aprendi, óbvio, mas tomei um gosto enorme. E hoje, que tenho Alicinha, me vejo fazendo a minha filha o que ela fazia por mim: arte.
Desta forma, recebo o pinterest de braços abertos e saudosa de minha vó, que tanto me ensinou.
Você fica meio desconfiada ao ouvir falar da centésima rede social. Cansada de orkut, badoo, linkedin; amando ainda o twitter porque foi muito seletiva e deixou quase ninguém em sua timeline; quase suicidando o seu facebook… é com desconfiança que você ouve falar do pinterest. Meio enfadada, digamos.
E acessa, clica em participar da rede… descobre que tem que esperar ser aceita, isso leva cerca de 24h. Blarght. E clica quase que sem saco no seu email para entrar no site. Foi um minuto para conhecer, cinco para descobrir a função e seis horas sem parar viciada!
Amei, amei, amei. Vontade de ser feliz de verdade, mil ideias lindas. Repaginar casa, corpo e mente! Indico!
Era esta cor que eu queria para pintar um monte de coisas aqui em casa. Já decidi. Na próxima reforma, vai ser berinjela! Com a vantagem de que berinjela emagrece.
O sofá abaixo me mata de lindo:
Mas fui olhar uma cadeira parecida e custava 3500 reais. Assim… o sofá deve ser uns 8000. E eu que pensava que este patchwork era para “os pobrinhos”.
O ILÉ ÌYÁ OMI ÀSE ÌYÁMASÉ – Gantois e a Associação de São Jorge Ebé Oxossi convidaram para o lançamento do livro Memorial Mãe Menininha do Gantois , dia 22 de julho de 2010.
Casa do Gantois Rua Mãe Menininha, Alto do Gantois n 23
Salvador Bahia
O evento transcorreu iluminado pela luz maravilhosa de Oxum. Filhos e filhas de santo, artistas e personalidades da Bahia prestigiaram a noite, emprestando também sua luz ao lançamento. Servidos diversos quitutes e iguarias nordestinas e típicas, pairava a bênção acolhedora da Mãe Menininha sob o som inesquecível da Oração a Mãe Menininha do Gantois na voz de Gal Costa.
O livro Memorial Mãe Menininha do Gantois, inspirado pelo ideal de Mãe Carmen, reúne fotografias de Claudiomar Gonçalves, resultantes de um trabalho que durou cerca de dois meses .
Mãe Carmen radiante emanava toda sua majestade ao lado de suas duas filhas e de sua neta.
Mais registros:
E:
Ari Capela, fotógrafo, pedindo a bênção de Mãe Carmen.
Fim de festa…
Fim do evento no Gantois em clima ainda de total descontração.
O vídeo abaixo mostra parte do acervo para quem quiser vê-lo. Faz parte de um documentário sobre Mãe Menininha:
Estou em fase de umbigocentrismo total, conhecendo cada pedaço de pele, cada cheiro esquecido, cada mecha encaracolada do meu cabelo.
Com tempo para me admirar, me olhar no espelho, gostar do que vejo, sentir o que há tempos não sentia.
Tempo para pensar em saúde, fazer dieta, olhar demoradamente as minhas unhas quadradas de que tanto sempre gostei.
Tempo para estar em paz com a balança, tempo para revisitar o chuveiro, para sentir o cheiro de minha cama, enrolar-me no edredom e abraçar-me com os travesseiros.
Tempo para os muitos casos de amor com a leitura, para devorar livros inteiros em paz, em meu cantinho, afim de mim.
Tempo para beber água sentindo o seu sabor – oh, não, não tão insípido como se adjetiva!
Tempo para estar comigo, para estar em paz, para me sentir, para sentir bem.
Eu tinha vinte e seis anos quando pisei pela primeira vez o pé na terrinha. Ao sair do ar condicionado do aeroporto, lembro-me como se fosse agora, trajando uma calça cáqui e uma blusa na qual havia uma grande índia pintada, chorei ao respirar o ar português pela primeira vez. Havia algo genético: era o que parecia… Talvez eu sentisse ali a emoção da tradição que, aos poucos, foi se confirmando. Talvez ali, naquele momento, as aulas de História ecoassem aos poucos na minha mente. Talvez as palavras de Gil falando sobre encontro dos povos me impressionassem ainda. Talvez a minha avó paterna estivesse claramente agora para mim visualizada como fruto mais direto – ainda não perdido – daquela cultura que herdara dos pais.
E eu cheguei a Lisboa. A sensação primeira é que aquele momento seria o início de muitos encontros. Encontro comigo, com o meu passado, com os meus antepassados. Encontro com traços indeléveis da minha cultura que eu não saberia dizer até então o quanto eram herança de Portugal.
A ida ao hotel, os olhos atentos como os de uma criança a descobrir o mundo e a maravilha da cidade tão cosmopolita e tão histórica. O Rossio e os calçadões da baixa, o marco dos descobrimentos, a torre de Belém, os pastéis de nata, a ginjinha (com elas!), as igrejas, o castelo de São Jorge em cujas paredes voa uma donzela diáfana (juro que eu a vi a vagar!)… a nostalgia de flautistas por toda a baixa, a beleza do Tejo, a modernidade do cais, os magníficos restaurantes onde me viciei em comer muito e bem e muito e bem e muito… o parque das nações com todas aquelas bandeiras a tremular e a emoção de nos descobrir brasileiros embaixo da verde-amarelinha, o teleférico, as Tágides reconstruídas à beira do Tejo, o oceanário (!!!)… a carne de javali, os vinhos, as bodegas, o elevador de Santa Justa, o arroz de sarrabulho, a recepção acalorada ao nos saberem brasileiros pelo sotaque, a emoção de ver (eu, professorinha de literatura) o túmulo de Camões, a beleza da arte manuelina, os almoços intermináveis regados a vinho na casa do amigo Zé, as rabanadas com vinho do Porto, os amigos que fui acumulando, as prendas carinhosas que recebi, o sotaque gostoso de ouvir dos portugueses, os pães que me ensinaram o que era pão, as azeitonas as quais comi sem parar, as cerejas frescas na beira da estrada, o patê de sardinha mais maravilhoso do planeta(vício certo!), a Marisqueira com suas sentollas e a certeza de que Portugal é um país maravilhoso.
Sintra tão pertinho a nos erguer no alto da serra o magnífico palácio mouro, suas ruas tão poéticas, o litoral e seus fortes, a beleza do Oceano Atlântico ( e pensar que é o mesmo que nos banha aqui)…
Estrada rumo a Óbidos, Évora, Marvão, Serra da Estrela (que trutas!), Nazaré, Braga, Guimarães, Porto, o rio Douro, os rabelos, Coimbra (e viva a Universidade!), Valença, Viana do Castelo, o rio Minho, Covilhã, Leiria, Santarém, Portalegre, Sines, Faro, Sagres… Todas todas com post merecido a desenvolver…
Fui a Portugal a passeio em 2001, 2002, 2003, 2004, 2005 … e devo voltar lá a partir do ano que vem. Um encontro maravilhoso comigo mesma, um amor à pátria que também é minha, um reconhecimento de raízes, um encontro emocionado.
Infelizmente, para minha surpresa e vergonha, me deparei com o vídeo do programa Saia Justa no qual a Maitê Proença dá um show de estupidez, desrespeito e ignorância. O Brasil deve, no mínimo, desculpas diplomáticas a Portugal.
Publique-se o vídeo para que se tome conhecimento e um protesto mesmo nasça. Trarei aqui algumas memórias da minha relação de amor com Portugal. É o mínimo que posso fazer.
Basta você ter um filho para confirmar a certeza que já guardava há tempo: a sua cidade é DESPROVIDA de espaços sociais interessantes que não sejam pagos e particulares. Os grandes parques estão decadentes, sujos e abandonados. São inseguros. A biblioteca pública… tsc tsc tsc.Dá pena. Vou aventurar em breve a Monteiro Lobato para ver o que me espera (aguardem).
E, sinceramente, eu me recuso a aceitar que as formas de lazer da minha filha serão concentradas nos shoppings da urbe. Parquinho infantil de plástico com grama sintética e um espaço com tv e dvd (??!!) pago por hora: blarght! Parques eletrônicos nos grandes centros comerciais: sempre??? Bares adultos com um cercado onde se coloca uma tv com dvd (de novo!!?? – babá eletrônica) , umas animadoras desanimadíssimas que se arrastam entre as crianças, uma casinha plástica e umas quinquilharias mais uma cama elástica (somente e sempre ela). Nada contra estas formas de lazer, mas só elas? Ar livre, parque público, grama, árvores, banquinhos, calçadões na praia… tudo limpo, organizado e seguro. Em Salvador? Só se for.
Desesperada na net, fico buscando o que fazer de interessante nos fins de semana. Teatro é sempre bom, cinema também (mas Alice ainda não encara a telona). Mas estou escarafunchando o que fazer para poder proporcionar à minha filha uma formação diversa. Vou ter que – vira e mexe – voltar à estrada.
Mas também não posso deixar de comentar aqui a descoberta fantástica que fiz há um tempinho: o blog PEQUENÓPOLIS. Excelente indicação do que anda acontecendo em Salvador. Vale conferir.