Mãe Menininha do Gantois Memorial

O ILÉ ÌYÁ OMI ÀSE ÌYÁMASÉ – Gantois e a Associação de São Jorge Ebé Oxossi convidaram para o lançamento do livro Memorial Mãe Menininha do Gantois , dia 22 de julho de 2010.
Casa do Gantois Rua Mãe Menininha, Alto do Gantois n 23
Salvador Bahia

O evento transcorreu iluminado pela luz maravilhosa de Oxum.  Filhos e filhas de santo, artistas e personalidades da Bahia prestigiaram a noite, emprestando também sua luz ao lançamento. Servidos diversos quitutes e iguarias nordestinas e típicas, pairava a bênção acolhedora da Mãe Menininha sob o som inesquecível da Oração a Mãe Menininha do Gantois na voz de Gal Costa.

O livro Memorial Mãe Menininha do Gantois, inspirado pelo ideal de Mãe Carmen, reúne fotografias de Claudiomar Gonçalves, resultantes de um trabalho que durou cerca de dois meses .

Mãe Carmen radiante emanava toda sua majestade ao lado de suas duas filhas e de sua neta.

Mais registros:

E:

Ari Capela, fotógrafo, pedindo a bênção de Mãe Carmen.

Fim de festa…

Fim do evento no Gantois em clima ainda de total descontração.

O vídeo abaixo mostra parte do acervo para quem quiser vê-lo. Faz parte de um documentário sobre Mãe Menininha:

Leitura sofrível

E escrita também. Pense num livro que não alcança o interesse do leitor : O clube do filme. Uma história insossa que talvez pudesse até convencer se fosse contada por outra pessoa ou de outra maneira. Mas a narrativa é tão monótona que a leitura só prosseguiu porque eu tinha o otimismo de que, em algum momento, alcançasse um clímax.  Nada. Não chega a canto algum.

Um pai resolve dar a seu filho adolescente entediado com a escola e com rendimento baixo a oportunidade de abandonar a sala de aula e nada fazer em troca – nem trabalhar nem pagar aluguel – mas apenas se comprometer em assistir a alguns filmes com ele, no mínimo três por semana.

Fora duas relações amorosas um tanto traumáticas para o garoto Jesse, o fato de tocar numa banda e fazer uma viagem para assistir a um show – até então nada contagiante ou fora do lugar-comum – bem como o envolvimento rápido do garoto com cocaína, que não chegou a ser um vício… ademais, nada há na narrativa a não ser as próprias impressões do autor, David Gilmour, sobre os filmes a que assistiu na vida (ele próprio crítico de cinema). A vida comum pode ser excelente pauta de livros, mas a impressão que fiquei foi a de que em nada me acrescentaram. Nada. Tudo muito óbvio, muito nhenhenhém.

O problema prossegue: as opiniões de Gilmour sobre as  películas aparecem de forma superficial, ressaltando um momento um tanto quanto óbvio em cada filme, um ator ou diretor e o garoto não consegue também nos entusiasmar embora por vezes discorde do pai. A narrativa das escolhas de filmes que vai fazendo é cansativa, um roteiro, um manual. Chato demais. Parece um diário de anotações sobre a experiência que depois foi impresso. Mas um diário sem emoções. Sem vida. Como uma lista de supermercado.

Tipo de livro que vai parar num sebo rapidinho. Aos montes.

Blog sobre programas infantis

Basta você ter um filho para confirmar a certeza que já guardava há tempo: a sua cidade é DESPROVIDA de espaços sociais interessantes que não sejam pagos e particulares. Os grandes parques estão decadentes, sujos e abandonados. São inseguros. A biblioteca pública… tsc tsc tsc. Dá pena. Vou aventurar em breve a Monteiro Lobato para ver o que me espera (aguardem).

E, sinceramente, eu me recuso a aceitar que as formas de lazer da minha filha serão concentradas nos shoppings da urbe. Parquinho infantil de plástico com grama sintética e um espaço com tv e dvd (??!!) pago por hora: blarght! Parques eletrônicos nos grandes centros comerciais: sempre??? Bares adultos com um cercado onde se coloca uma tv com dvd (de novo!!?? – babá eletrônica) , umas animadoras desanimadíssimas que se arrastam entre as crianças, uma casinha plástica e umas quinquilharias mais uma cama elástica (somente e sempre ela). Nada contra estas formas de lazer, mas só elas? Ar livre, parque público, grama, árvores, banquinhos, calçadões na praia… tudo limpo, organizado e seguro. Em Salvador? Só se for.

Desesperada na net, fico buscando o que fazer de interessante nos fins de semana. Teatro é sempre bom, cinema também (mas Alice ainda não encara  a telona). Mas estou escarafunchando o que fazer para poder proporcionar à minha filha uma formação diversa. Vou ter que – vira e mexe – voltar à estrada.

Mas também não posso deixar de comentar aqui a descoberta fantástica que fiz há um tempinho: o blog PEQUENÓPOLIS.  Excelente indicação do que anda acontecendo em Salvador. Vale conferir.

Ensaio sobre a cegueira, o filme

Ensaio sobre a cegueira de José Saramago é um livro que para mim dispensa apresentações. Sem dúvida alguma, um dos melhores que li em minha vida – e olha que não foram poucos. Um clássico e um marco na literatura.

Desde 2001 que minhas turmas o lêem. E nunca faço avaliação, nunca cobro detalhes. É leitura por prazer, por auto conhecimento, por desafio. Tem dado certo.

Sempre temi livros maravilhosos virarem filme. Porque muitas vezes o cinema os estraga, outras vezes os reduz, banaliza, simplifica. Acontece também o inverso (mais raramente): livros medíocres virarem grandes filmes.

Ensaio sobre a cegueira por Fernando Meirelles não chega a decepcionar, mas também não é um grande filme.  Acompanhei a trama toda como uma leitora ávida da obra.  Houve um clímax no meio da história, houve as simbologias, as metáforas bem representadas… mas o cinema não conseguiu fazer o que a obra de Saramago faz: fazer-nos ser a protagonista, viver o drama como se conosco fosse. É uma história que se passa na tela e a possibilidade de interiorizarmos sua mensagem, pequena.

Agora, o problema: como solicitar a leitura aos alunos que são , sim, cada vez mais reducionistas? Verão o filme e pronto. Lembrarão uma história em que todos iam ficando cegos – que ficção!- e em cujo final a visão volta. É só.

Nada mais da metáfora de si mesmo.

Leituras saramaguianas

Quando eu me descobri grávida, sabia que não teria tempo de curtir a barriga , de ficar serpenteando ao sol apenas a admirar-me e a ler as obras que ainda tenho na fila dos livros que considero amáveis ou indispensáveis. É que, ironicamente, eu havia decidido que este seria o ano de trabalhar muito e enriquecer (muitos risos) fazer pé-de-meia para o breve futuro. Nada conforme o planejado então. Ano de muito trabalho, poucas leituras, muitas correções e (sim!) deleite com o barrigão. Mas este só me era permitido na calada da noite, naquela hora escura em que em casa todos já dormiam e eu ficava inerte na cama, quietinha, só a sentir a ebulição que ocorria dentro de mim. E era nesta hora da madrugada que Alice me mostrava toda a sua atividade com mil chutinhos e soquinhos a me avisar que era uma nova vida e , no entanto, estava dentro de mim.

Como eu ia dizendo, necas de planos então. O segundo plano era de que pelo menos o tempo da licença-maternidade (por que tão curta?) seria gasto com a amamentação e com horas de leitura bem ao estilo da minha adolescência quando eu lia ao menos um livro por dia. Quem dera…

Passados quase quatro meses e nenhuma linha lida. Só folheei revistas de decoração de quartos de bebê. Só. Foi a leitura que mais me deu prazer. Ficar dias olhando as coisas tão bonitinhas que este mundo inventa. Aí deu vontade de aprender a costurar e de viver fazendo artes. (Quem foi mesmo que queimou o sutiã?)

Embora eu não tenha escrito muito aqui no blog nos últimos tempos e não tenha fugido ao monotema da gravidez-parto-puerpério, esta fase inicial como mãe foi bastante profícua.  Muitos assuntos a blogar ao longo do tempo ainda.

Uma das observações que fiz foi o estado de caverna em que a mulher se encontra no puerpério. É um retirar-se do mundo bem ao estilo pedras desmoronando na única entrada da caverna. E a mulher à espera de um resgate sabe-se lá para quando.

Tive vontade de escrever um livro (projeto ainda não abandonado) sobre as peripécias (leia-se rotina) do pós-parto e as agruras da mulher moderna que se vê reduzida a bicho de novo, como se nem racional tivesse qualquer semelhante sua um dia sido. O título da obra – era só o que eu pensava – terioa que ser A CAVERNA.

Mas não sou a única a pensar neste véu que nos esconde do que entendemos como realidade  ( e que , retirado, nos conduz a tantos outros possíveis caminhos) e nem é inédito o título. Também não é plágio. Apropriação, digamos.

Pois bem, ora pois.  Levei idilicamente para a maternidade A Caverna de Saramago , parece que adivinhando inconscientemente o estado em que me recolheria breve, entretanto ainda sem dele ter noção.  Não li nem um capítulo e de agosto aos dias de hoje, nadica mais.  Ao que parece, a tsunami já foi e já consigo fazer algumas coisas minhas agora. Para leitura, depois de tanto jejum, retomo o Saramago que deixei lá atrás.